O Conexão Itajubá entrevistou nesta sexta-feira a jornalista e correspondente para América Latina do SBT, Patrícia Vasconcelos. Voltando de uma viagem a trabalho em Buenos Aires, Patrícia conta que começou a carreira aos 10 anos de idade, com um programa infantil na Panorama PM e com total apoio de seu pai, Francisco Vasconcelos. Na faculdade a então estudante trabalhava nas rádios Itatiaia FM e Transamérica FM em Juiz de Fora e formada passou numa seleção para a TV Panorama, na época afiliada da Rede Globo também em Juiz de Fora. Terminado e estágio, Patrícia pessoalmente buscou uma oportunidade em várias Globos de Minas.
Aos 22 anos de idade a jornalista trabalhava na TV Leste em Governador Valadares como editora e cinco meses depois, durante as férias do apresentador, Patrícia se apresentou pela primeira vez em um telejornal. Pouco tempo depois, após indicação do seu diretor, ela se tornava apresentadora titular da MGTV, onde ficou por seis anos. Em 2006 Patrícia conseguiu uma bolsa e com uma licença da Globo foi estudar em Londres. Durante o período fez dois documentários, em Israel e na Palestina, e após a nova experiência em campo, volta para o Brasil com a ideia de trabalhar com jornalismo internacional.
Patrícia pediu demissão da Globo e foi para o SBT com o sonho de ser correspondente. Após quatro anos atuando como repórter em São Paulo a chance veio através e um convite da direção para ser correspondente em Buenos Aires, onde permanece até hoje.
Como correspondente da América Latina, Patrícia conta que a atual situação econômica e escândalos de corrupção do Brasil é vista como uma mancha na imagem do país, não apenas entre os países latinos, mas em todo o mundo. Na época do governo Lula, o então presidente passou ileso e isso não chegou à mídia internacional. Desta vez, no governo Dilma, o os escândalos, principalmente da Petrobras repercutiram, principalmente na Europa. Mesmo assim, conta a correspondente, as pessoas ainda carregam uma imagem positiva do Brasil, como um país que vai na frente dos outros países na América Latina.
Na época dos protestos, era comum ouvir estrangeiros se perguntando do os brasileiros estavam recamando, visto que vários países passaram por uma crise e a imagem era que o Brasil ia bem. Agora as pessoas estão começando a entender a insatisfação no país.
Na Argentina, que também passa por uma crise, é possível ver uma diferença da mão-de-obra, que é mais capacitada que a do Brasil. Patrícia conta que isso se deve ao fato de os argentinos nunca confiarem no governo e também já estarem acostumados a lidarem com a crise, sempre pensando no futuro e não apagando pequenos incêndios de cada vez. Na opinião da jornalista, a equipe econômica da Argentina não está lidando bem com a crise e isso pode ser visto nos altos índices de infração do país, mas os argentinos estão sim mais bem preparados, se comparados aos brasileiros.
O Brasil precisa olhar mais para a América Latina e aprender com os modelos que estão sendo empregados pelos países vizinhos. A dificuldade de entrosamento pode ser explicada pelas dimensões continentais do país e também pelo fato de a língua ser diferente dos outros países. Também existe um certo preconceito, de maneira que os brasileiros quando viajam querem ir para a Europa, quando ouvem música internacional, é a música americana. O brasileiro não conhece os cantores latinos, quando a América Latina conhece muito a cultura brasileira.
A cultura brasileira é forte, embora talvez não exista tanto orgulho em defender a própria bandeira, mas falta consciência política e isso só será mudado a longo prazo e se medidas começarem a ser tomadas na base, com as crianças e investindo em educação.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM