Sou ligada em duzentos e vinte
Mais falante do que ouvinte,
Metabolismo acelerado
Coração disparado
Mente em constante ebulição,
No peito um furacão.
Meus pensamentos são cavalos selvagens,
Minhas emoções incontroláveis.
Estou sempre em duzentos e vinte
Vivo o momento seguinte
Nada peço, eu mesma faço.
Invejo a mãe que amamenta seu filho sem pressa
O peregrino que devagar cumpre sua promessa.
Caminho apressada, aperto o passo,
Me atropelo, me atrapalho e me estilhaço
Sofro e me desfaço.
De noite desligo
Respiro fundo e me refaço
Me lembro que todas as coisas passarão
Afrouxo o laço
Deponho minhas armas no chão
Bebo um vinho olhando um quadro de Picasso.
Na escuridão aquieto meu coração.
Aposentada, Misa descobriu o prazer da literatura e passou a escrever contos e crônicas. É formada em Letras pela FEPI Centro Universitário e pós-graduada em Literatura pela Unitau. Escreveu e publicou os livros: Demência, o resgate da ternura (autobiográfico) /Santas mentiras (Crônicas) /Dois anjos e uma menina (infantil) /Estranho espelho e outros contos, além da coluna “Verbo Inverso”.