Um dia, diante de um pinheiro todo vergado pelo tempo, o sábio da aldeia ofereceu a sua própria casa para aquele discípulo que conseguisse vê-lo na posição correta. Todos se aproximaram e ficaram pensando na possibilidade de ganhar a propriedade e prestígio; mas como seria enxergar o pinheiro na posição correta?
O mesmo era tão torto que a pessoa candidata ao prêmio teria que ser meio contorcionista. Portanto, ninguém ganhou o prêmio e o velho sábio explicou ao povo ansioso que ver aquele pinheiro em sua posição correta era vê-lo como uma árvore torta. E completou:
– Nós temos essa mania de querer consertar as coisas, as pessoas, e tudo mais de acordo com a nossa visão pessoal. Quando olhamos para uma árvore torta é extremamente importante enxergá-la torta, sem querer endireitá-la, pois é assim que ela é. Se tentarmos endireitá-la, ela vai rachar e morrer. Também nos nossos relacionamentos, é comum um criar no outro expectativas próprias, esperar que o outro faça aquilo que ele sonha e não o que pode lhe oferecer.
Pois é, concordo que sofremos antecipadamente por criarmos expectativas que não estão ao alcance dos outros, porque temos essa visão de consertar o que achamos errado. Se tentássemos enxergar as coisas como realmente são, muito sofrimento seria poupado. Os pais também sofreriam menos com os filhos, pois, conhecendo-os, não colocariam expectativas falsas nas suas vidas, gerando crianças frustradas, rebeldes e inseguras.
Pelo menos tente ver as pessoas como são. Pare de imaginar como deveriam ser e não insista em consertá-las da maneira que somente você acha bonito. Crie menos dificuldades no relacionamento; se vemos as coisas como são, muitos problemas deixam de existir, sem brigas, sem ressentimentos.
Olhe para você mesmo com ‘olhos otimistas’ e enxergue as coisas que ainda deve fazer e não fez. Pode ser que a sua árvore seja torta aos olhos de outras pessoas, mas pode vir a ser a mais frutífera, a mais bonita, a mais perfumada da região.
E quando faltam opções para engrandecer a alma, duas coisas podem ser buscadas: criatividade e evangelização. Ambas podem ser praticadas numa única ação: criatividade na evangelização. Esta opção sempre existirá para qualquer pessoa temente a Deus, e os resultados são maravilhosos, tanto pessoais quanto comunitário.
Todos nós somos criativos em maior ou menor grau, basta sabermos usar a criatividade para alcançarmos, com simplicidade, alguns resultados desejados. No trabalho, por exemplo, se o patrão nos cobra um serviço urgente e o tempo não é suficiente para realizá-lo adequadamente, a criatividade pode ser praticada para o sucesso da missão.
Nos estudos, muitos alunos conseguem bons resultados por serem criativos no aprendizado: inventam artifícios diversos para decorar fórmulas; destacam aspectos importantes da matéria para resumir; fazem questionários, simulando a própria prova etc.
Também podemos usar do nosso poder criativo e ajudar muitos irmãos a seguir pelos caminhos da fé. Um simples objeto religioso à mostra no nosso corpo serve como instrumento de evangelização. Pode ser uma camiseta, um terço, uma corrente, um broche, enfim, um símbolo que destaque a fé e dê abertura para outras pessoas se sentirem atraídas por aquela mensagem.
Colocar um adesivo plástico no vidro do carro é um outro recurso válido e barato para evangelizar. Têm imagens de Jesus e de Maria belíssimas que chamam a atenção! Basta ser criativo: escolhendo uma bela estampa e a divulgando em local de destaque.
Além desses meios, eu procuro evangelizar com testemunhos de fatos vividos em família ou na comunidade. Por serem casos reais que provam o amor de Jesus e de Nossa Senhora por nós, geralmente tocam profundamente nas pessoas. Assim, fica mais fácil amolecer certos corações e conduzi-los para junto de Deus.
Na evangelização, o importante é nunca faltar humildade no relacionamento com os irmãos desgarrados, e sempre rezar com confiança – pedindo ao Espírito Santo que nos ilumine para resgatar almas perdidas.
Mas, falando de criatividade, não dá para esgotar o assunto. Cada um pode e deve colocar em prática o dom criativo que Deus lhe deu e ajudar a chamar pessoas para o trabalho em comunidade. Se nos unirmos contra as ciladas do demônio, nos afastaremos do pecado e alcançaremos mais graças do Céu.
Ao ressuscitar, Jesus nos mostrou que ‘quem ri por último ri melhor’. Portanto, a cada alma que ajudarmos a chegar ao Paraíso, cumpriremos parte da nossa missão e provocaremos boas gargalhadas dos anjos da guarda.
Então, se você ainda não procurou ajudar a Deus no processo de pescar e salvar almas, tenha coragem, seja criativo e tente. Logo verá que valeu a pena!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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