– Leve-me rápido à Clínica de Repouso Bom Jesus, por favor.
Ansioso por chegar logo, após cinco minutos de corrida, ele novamente falou:
– Não há outro caminho onde o trânsito esteja melhor?
– Vou sair desta avenida em breve, mas, diga-me, sua visita à clínica é urgente?
– Sim, e hoje estou atrasado.
– Desculpe-me perguntar, mas é algum parente seu que está internado?
– Minha esposa. Ela tem Mal de Alzheimer há cinco anos e eu nunca deixei de ir vê-la um só dia no horário certo. A doença já avançou muito e ela não me reconhece mais.
– Não estou entendendo! Se ela não sabe quem o senhor é, por que a pressa?
– Porque eu sei quem ela é.
Leitor, não dá vontade de conhecer o tal velhinho para lhe dar um abraço? Quantas pessoas com esse espírito de amor ao próximo existem no mundo? Bem, se todos os vicentinos corresponderem à causa que abraçaram, só aí já são mais de quinhentos mil! Isso é muito pouco comparado aos bilhões de habitantes do planeta, não? E se juntássemos nessa conta todos os cristãos? Infelizmente, isso é uma utopia.
Eu sempre digo que não é fácil fazer caridade, porque, se fosse, todos fariam! Veja o que o patrono dos cursilhos de cristandade, São Paulo Apóstolo, disse aos fiéis de Corinto (I Cor 13), indicando o caminho mais excelente de todos:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento aos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa, não é arrogante, nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará… Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade, porém, a maior delas é a caridade”.
Você pratica essa caridade perfeita? Eu pretendo chegar a isso, mas ainda falta muito; só que, a cada dia, tento melhorar um pouco mais e, com a ajuda dos anjos e santos de Deus, vou chegar lá! Se não rezarmos, nos esforçarmos e confiarmos, nunca chegaremos.
O amor é o dom maior que o Criador nos deu e quem o coloca a serviço do bem, será muito recompensado. E embora o prêmio final seja uma morada no Céu, Deus nos dá sinais, mostrando que estamos no caminho certo. Vejo isso através do carinho que tenho recebido por onde passo.
Quem é humilde de coração e age com simplicidade para promover a vida, só tem a ganhar. Eu até acho que aprendi isso um pouco tarde, mas, como dizem, antes tarde do que nunca! Hoje, vejo que meu pai era assim, minha mãe é assim, e eu acabei precisando errar muito para aprender. Digo a todos que o exemplo de Nossa Senhora precisa ser seguido para permitirmos que a caridade frutifique.
Há uma historinha que contamos às crianças, relatando um caso atípico no Céu. Aconteceu, certa vez, que São José ficou preocupado ao ver pessoas estranhas no Paraíso e resolveu checar. Então, descobriu que todos os dias havia gente saindo do purgatório antes da hora e, sem a sua permissão, entravam felizes no Céu; mas, por onde passavam se ele próprio tomava conta do portão? Depois de muito andar, constatou que sua esposa ajudava os devotos a pularem o muro lateral!
Bem, logicamente é só um conto, mas, de fato, se não fosse a Virgem Maria, quantos cristãos nem mais teriam amor pra dar! O carinho que ela nos trata contagia a todos! Experimente um pouco mais disso rezando o terço e dando mais atenção a quem você ama. A pessoa pode nem saber disso, mas você demonstrando o seu amor, já será suficiente para um lindo e eterno relacionamento.