Parlamentares e autoridades de trânsito que participaram da audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (30/9/09) defenderam a adoção de inspeção técnica anual nos veículos registrados no Estado. A reunião aconteceu a pedido do deputado Ruy Muniz (DEM), preocupado com o alto índice de acidentes causados por carros, caminhões e ônibus em mau estado de conservação.
Após apresentar um vídeo com reportagens sobre tragédias ocorridas na Capital e no interior, o parlamentar lembrou que a inspeção técnica veicular anual já é uma realidade no Rio de Janeiro e São Paulo e poderia ser adotada em Minas também. “Seria uma medida eficaz não só para proteger a vida das pessoas, mas para o meio ambiente também, visto que veículos velhos e mal conservados poluem muito mais. Além disso, a inspeção poderia acelerar gradualmente a renovação da frota”, afirmou.
O superintendente regional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Waltair Vasconcelos Sobrinho, também defendeu a inspeção periódica na frota, mas levantou uma questão: “Quem vai pagar a conta?”. O policial sugeriu que a emissão do documento de porte obrigatório do veículo seja condicionada à vistoria anual. “Dessa forma, seria possível até termos estatísticas de quantos veículos irregulares, o que facilitaria até uma ação mais pontual”, disse.
O diretor de operação da BHTrans, Marcos Antônio de Oliveira, admitiu que a empresa não tem como fiscalizar e tirar de circulação todos os veículos em mau estado das ruas e avenidas de Belo Horizonte. Segundo ele, atualmente a frota da Capital é de pouco mais de 1 milhão de veículos, crescendo numa taxa de 5% ano. “Os veículos em pior estado não costumam circular com frequência nos principais corredores e no Centro da cidade, o que dificulta a repressão”, opinou. A BHTrans tem pouco mais de 350 homens nas ruas de Belo Horizonte, segundo ele.
Pessimismo – O médico Guilherme Durães, presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego, mostrou-se pessimista em relação à violência do trânsito no Brasil. “Não vejo as autoridades tomarem as providências. A situação de Minas é catastrófica em relação ao Brasil. Não há projetos sobre segurança ou educação. Não consigo admitir que um caminhão passe por cima de todo mundo, como aconteceu recentemente no Anel Rodoviário. E cadê o dinheiro para reformar a via? Um Estado rico como Minas Gerais não tem?”, indagou.
Para Guilherme Durães, não adianta jogar apenas a culpa nos motoristas, alegando que 90% dos acidentes acontecem por falha humana. Outros fatores também devem ser levados em consideração, como estradas em péssimo estado, falta de sinalização e de fiscalização.
O deputado Doutor Ronaldo (PDT) também disse não acreditar numa melhora a curto prazo e defendeu mais rigor nas punições aos motoristas infratores. O parlamentar lembrou que a idade do veículo não importa tanto, mas “a cara de pau do motorista que circula com pneus carecas, sem freios ou outros equipamentos de segurança”, afirmou.
Questão de educação – O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), por sua vez, disse ter esperança em ver dias melhores no trânsito brasileiro. Para isso, ele reforçou a necessidade de se investir em educação e deu o exemplo de Brasília, onde, segundo ele, o pedestre passou a ser respeitado. O deputado defendeu a criação, na ALMG, de uma frente parlamentar em defesa do trânsito seguro. De acordo com o parlamentar, a frente vai ser criada ainda neste ano.
Requerimentos – No fim do encontro, os deputados lamentaram a ausência de representantes do Detran e apresentaram requerimentos que serão votados na próxima reunião da comissão, entre eles um dirigido à Secretaria de Estado de Educação para inclusão de uma disciplina específica de trânsito na grade curricular do Estado.
Fonte: ALMG