Demorei um pouco para decidir escrever esse artigo. Por tratar-se mais de uma experiência pessoal, cheguei a pensar que poderia soar de forma apelativa ou egoísta e não cumprir o objetivo de levar novas idéias às cabeças dos leitores. Então percebei que tudo o que escrevemos é fruto de alguma experiência que não há mal em repartir algo que pode fazer bem a outras pessoas. Gostaria de relatar nas próximas linhas como me senti ao fazer parte do Bota Pra Fazer UNIFEI, como foi ter trabalhado nessa campanha e ver os resultados alcançados.
Em Outubro de 2008 recebi o desafio do Prof. Fábio Fowler, da UNIFEI, de motivar os 50 membros da organização que eu presidia, a AIESEC em Itajubá, a aderirem uma campanha de empreendedorismo social. Na verdade, o desafio era bem maior do que isso, eu deveria motivá-los a envolver mais 9 pessoas cada um para fazer parte da campanha, que ocorreria em plena semana de provas finais e tinha como meta um mínimo de 500 participantes. Parecia um desafio e tanto, por muitas vezes estive a beira de não aceitá-lo, sozinho eu nunca chegaria a envolver as 500 pessoas, mas meus membros me ajudariam, muitos deles aceitaram o desafio de prontidão. Já relatei sobre essa campanha em artigos passados, basicamente foi uma competição onde grupos de 10 estudantes deveriam desenvolver projetos sociais durante uma semana em Novembro, concorrendo a uma premiação em dinheiro.
Finalmente disse sim ao desafio, e minhas frustrações começaram. Poucas pessoas permaneceram fiéis as suas palavras, hoje vejo que a maior dificuldade não era enfrentar a própria semana de provas, e sim convencer mais 9 pessoas a fazê-lo. Todo o trabalho de divulgação e logística da campanha ficou concentrado em mim e agradeço até hoje as 3 pessoas que me ajudaram nesse momento. Minha meta já tinha caído para 35 membros da AIESEC envolvidos, as inscrições fecharam com 20 membros inscritos e a campanha encerrou com 13 efetivamente participando.
Eu estava profundamente decepcionado, pensava em meu fracasso, na minha falha como líder, eu não havia conseguido envolver meus próprios voluntários. Um total de 130 pessoas participou da campanha, 26% da meta mínima. Foi quando tive acesso aos seus resultados, e por resultados eu me refiro aos resultados reais, ao impacto social. Cada grupo deveria gravar um vídeo durante a semana, relatando seu trabalho. Não tenho outra palavra senão “divino” para traduzir o que havia nesses vídeos – os vídeos dos finalistas podem ser encontrados no site www.botaprafazerunifei.com.br.
Sendo mais sincero do que o bom senso me permite, eu cheguei a chorar assistindo aos vídeos. Cada sorriso, cada aperto de mão, cada abraço que os voluntários recebiam, eu os recebia em pensamento também, foram mais de 300 pessoas ajudadas em Itajubá, desde crianças violentadas pelos pais, até moradores de ruas ou idosos esquecidos pela sociedade. Que o meu sim no inicio da campanha e todo o trabalho que tivemos resultasse em apenas um daqueles sorrisos, eu já estaria satisfeito, e toda a minha decepção deu espaço a uma enorme alegria.
Foi o momento da minha vida em que o prazer de ser voluntário bateu mais forte, toda aquela energia, aquela emoção, é tão gratificante, tão pacificador. Eu me sentia feliz, verdadeiramente feliz. Sempre haverá no mundo coisas a serem feitas, sempre haverá algo faltando, sempre haverá espaço para a decepção, e sempre haverá nas mãos de cada um de nós o poder de transformar isso em alegria.
Provavelmente eu não estarei em Itajubá esse ano, mas deixo aqui o meu apelo, membros da AIESEC, estudantes de Itajubá, por favor, experimentem essa sensação. Não deixem o Bota Pra Fazer morrer, aproveitem o inicio do ano, planejem, preparem-se, lhes garanto… é uma experiência única! E aos que já participaram eu deixo meu muito obrigado, que certamente é pequeno perto do que essas pessoas vivenciaram no ano passado.