Os ministérios da educação e saúde podem e devem zelar para que obras de pensadores sabidões e capazes de pensar o novo possam ser traduzidas com mais brevidade, especialmente em países como o Brasil em que os orçamentos destinados ao colegiado, grupo, ministério ou “patota da saúde” são mais rechonchudos comparativamente aos demais ministérios.
Hermes e Asclépio com três de suas filhas e alguém que implora
Hermes é a divindade grega relacionada aocomércioe seu símbolo é o caduceu; Asclépio se correlaciona com aprática médica, sendo citado logo após Apolo no tradicionalJuramento de Hipócrates. Na figura acima, aparece acompanhado de três de suas filhas: Higéia (higiene, limpeza e prevenção), Panacéia (a solução para todos os males, a síntese da saúde) e Meditrina (longevidade). Iaso (recuperação da doença), Agléia (Esplendor, Graça e Beleza) e Aceso (o processo da cura) também são suas filhas, apesar de não retratadas aqui.
Toda exploração e aproximação simbólica visam auxiliar o humano na lembrança de conceitos e saberes predispostos à corrosão temporal e, portanto dos valores com os quais se relacionam; no presente caso vem à tona a relação entre a arte e os aspectos mercantis relacionados. Caro amigo, observe o olhar de Asclépio para Hermes assim como a posição de súplica do homem na representação acima e meditemos…
A imagem grita o que palavras apenas balbuciam. Lembre-se ao saborear as belas propagandas oferecidas na atualidade; as maiores mentiras são, geralmente, contadas por personagens bem aparentados, em muitos casos contraexemplos práticos das mensagens propagadas. Já se disse que a mentira repetida muitas vezes se torna verdade; repitamos verdades apenas e que a inanição cumpra sua função com o resto.
Illich, no contundente textoMedical Nemesis, apresenta com lucidez ofuscante os tópicos que esclarecem a tensão saúde-doença, assim como a cri$e de confiança que a medicina moderna atrave$$a. Veja-se a situação recente dos hospitais da cidade maravilhosa neste início de 2016. Lembremos, na perspectiva de “saúde é consciência”, que: cuidar da saúde é simples e barato, correr atrás da doença é complexo e dispendioso.
Segundo Ivan, a emancipação requer vontade e para tal o pensar não pode estar alienado ou anestesiado; a pessoa deve fazer algo para melhorar (ser agente) e não esperar que o terapeuta faça algo por ela (ser paciente). O professor defende que a criação de instituições, hospitais e escolas, que se propõem a “cuidar” das pessoas enfraquece a própria natureza das pessoas em relação a seus deveres e autocuidado.
Nas palavras de Illich em 2003 noJournal of Epidemiology & Community Health:
“A habilidade humana em lidar com sua fragilidade, individualidade e capacidade de se relacionar de forma autônoma é fundamental para sua saúde. Na medida em que a pessoa se torna dependente na lida com sua intimidade ela renuncia à sua autonomia e sua saúde declina. O milagre verdadeiro da medicina moderna é diabólico. Ele consiste em fazer não apenas indivíduos, mas populações inteiras sobreviverem em desumanamente baixos níveis de saúde pessoal. Apenas os operadores de sistemas de saúde não sabem que a saúde diminui na mesma medida em que se oferecem mais serviços de saúde, precisamente porque suas estratégias decorrem de sua cegueira à inalienabilidade da saúde.”
Abaixo, um pouco mais do trabalho desse humano que até pouco esteve entre nós:
A Segunda Crítica Social da Saúde de Ivan Illich
Medical Nemesis – The expropriation oh health – Ivan Illich
Vamos pensar a respeito?