Menos mal quando fica aquele sentimento de ‘quero mais a sua companhia’ e sabemos que em breve isso irá acontecer. É o caso de namorados que todos os dias se vêem ou de um filho que estuda em outra cidade e sempre acaba voltando. Mesmo assim, a saudade pela ausência não é boa; mas, a vida é assim: um ir e vir constante que nunca se acaba. Ou nos acostumamos a isso ou o sofrimento será maior.
Concordo que a morte é a que mais dói, porém, não deveria ser. Pense em quem se despediu de Jesus Cristo no Sacramento da Crisma e até hoje não retornou para os Seus braços. Com certeza, a tristeza maior ocorre no Sagrado Coração, que sempre espera encontrar a ovelha perdida. E por que esse afastamento acontece?
O principal motivo é que Deus dá liberdade a qualquer ser humano para ir e não voltar. Fazemos isso com algum de nossos filhos ou entes queridos? Claro que não; mas Deus, por amor, faz! Ele também permite que escolhamos entre o bem e o mal, entre a razão e o coração, entre o Céu e o Inferno. E tem muita gente que se mostra indiferente a isso, como se fosse viver eternamente aqui na Terra.
Quando dizem que nenhum ateu é feliz, sou obrigado a concordar. Tenho pena de pensar que algum anticristão pode nunca ter sido apresentado a Cristo. Veja, se buscamos a felicidade a cada dia e contamos com a proteção Divina para isso, nossa esperança se renova e uma chuva de graças sempre nos espera. Já aquele que caminha sozinho, que perspectiva tem de melhorar? Com o coração carente de fé, como evitar sucessivos tropeços?
Portanto, há casos que tornam eterna a despedida. E se explicar a vida eterna não é tão fácil, quanto mais a despedida eterna! Se pensarmos no tempo infinito, todas as outras despedidas são curtas, exceto casais que se separam para nunca mais voltar. Quando o motivo foi falta de perdão, também não encontrarão felicidade sozinhos. Sei que há quem discorde, só que estará discordando também da Bíblia: “O que Deus uniu o homem não pode separar”.
Então, voltamos ao começo: toda despedida é triste; umas mais, outras menos, e o gostinho de ‘quero mais’ faz sofrer. Se, pelo menos, o amor fosse sempre um sentimento de partilha e nunca de posse nos corações das pessoas, haveria mais compreensão em cada despedida.
Jesus, nosso maior exemplo de aceitação das imperfeições humanas, morreu tentando nos ensinar a amar e, infelizmente, ainda não aprendemos quase nada. Batemos no peito, dizemos que somos cristãos e amamos o irmão, o que nem sempre condiz com o nosso comportamento.
Precisamos prestar mais atenção às pessoas de verdadeira fé à nossa volta, porque são exemplos a serem imitados. Eis a carta de um menino à sua mãe:
“Quando acreditavas que eu não estava olhando: te vi colocar meu primeiro desenho na geladeira e corri fazer outro; te vi pondo alimento na vasilha do cachorro e aprendi que é bom cuidar dos animais; vi lágrimas saírem de teus olhos e aprendi que algumas vezes as coisas machucam, mas que é bom chorar; te vi fazer meu doce favorito e aprendi que as pequenas coisas são as que fazem a vida especial; te escutei fazer uma oração, soube que há um Deus a quem sempre posso recorrer e aprendi n´Ele confiar.
Quando acreditavas que eu não estava olhando: percebi teu beijo de boa noite e me senti amado; te vi dar de teu tempo e de teu dinheiro para ajudar a quem não tinha nada, e aprendi que os que têm devem ajudar os que não têm; te vi cuidar de nossa casa, de nós e aprendi que devemos tomar conta do que nos é dado; aprendi contigo as lições da vida que precisava: como ser uma pessoa boa e como dizer ‘muito obrigado’ com apenas um sorriso. Olhei-te, mãe, e quis dizer: obrigado por todas as coisas que vi quando acreditavas que eu não estava olhando.”
Pois é, embora pensemos que Deus nem sempre está olhando, Ele nos sonda e já nos conhecia mesmo antes da nossa criação. Quem teima em não se aproximar de Nosso Senhor Jesus Cristo, padece de conflitos sem soluções e, principalmente, não vê sentido em buscar uma vida nova. É meio difícil de aceitar, mas esta é a verdade: ‘A felicidade não está em qualquer criatura, mas somente em Deus, fonte de todo bem’. Para muita gente, é quase impossível se convencer disto, mas, quando conscientes, algumas despedidas ficam muito mais leves e tranqüilas.
Portanto, se você não é ateu e goza com alegria da liberdade que Deus lhe dá, nunca se afaste Dele, siga os Seus mandamentos e nenhuma despedida eterna acontecerá. As demais, se forem para o bem e por amor, Jesus abençoará; porém, não pode faltar a oração e esta confiança que o Senhor passou a Jeremias (33,3): “Invoca-me, e te responderei, revelando-te grandes coisas misteriosas que ignorais”.
E nunca esqueçamos: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 4).