Um pensamento de Marcos Fillype Farias
A Logosofia ensina que os pensamentos são entidades autônomas que atuam, em geral, independentemente da vontade do indivíduo e gravitam em torno dele de forma muitas vezes despótica. Essa é uma realidade que venho comprovando em minha vida e que me faz, a cada dia, ter a certeza de ter feito a escolha certa ao iniciar o estudo do meu mundo interno.
Certo dia, estava eu numa drogaria, já efetuando o pagamento do remédio no caixa, quando fui surpreendido pela grande diferença entre o preço anunciado na prateleira e o que me estava sendo cobrado. Imediatamente, comecei a perceber o movimento de alguns pensamentos se agitando em minha mente porque o atendente estava demorando para retificar o preço, alegando falha no sistema. Um desses pensamentos me sugeriu: “Será mesmo verdade que deu pane no sistema — ou esse atendente está querendo testar minhas virtudes?” Este foi o primeiro de muitos outros pensamentos que identifiquei latejando em minha mente.
O tempo foi avançando e, após 4 minutos parado na frente do caixa, percebi sinais claros da presença da impaciência, da intolerância e da irritabilidade acossando minha mente, fazendo, inclusive, com que meus pés se mexessem freneticamente para cima e para baixo, e que olhasse meu relógio a cada 15 segundos. O embate estava travando-se dentro da minha própria mente: pensamentos negativos de um lado e pensamentos positivos do outro — estes, por sua vez, buscando equilibrar meu estado psicológico. Quem levaria a melhor dessa vez?
Para piorar um pouco mais meu desconforto interno, o caixa pediu que eu retornasse ao balcão de remédios para que retificassem o preço, pois ele não o havia conseguido alterar. E, no instante em que reinicio o diálogo com o atendente do balcão, uma cliente que aguardava na fila se virou e me disse de supetão: “A fila começa lá atrás”. Para minha surpresa, eu estava bastante atento aos pensamentos negativos que estavam no meu encalço, e, então, consegui “enxergar” o invisível! Naquele momento, senti o tempo se dilatar e, como que em câmera lenta, identifiquei claramente o pensamento de suscetibilidade saindo daquela cliente e vindo em minha direção — assim como acontece no filme “Matrix”, em que o protagonista (Neo, o Escolhido) observa, em câmera lenta, as balas disparadas em sua direção no exato momento em que saem das armas.
Só o fato de ver a minha faculdade de observar atuando com agilidade, percebendo a aproximação do pensamento e dele se esquivando, a ponto de o impedir de penetrar em minha mente e de iniciar uma discussão que só acarretaria desperdício de tempo, já foi o suficiente para sentir uma profunda felicidade, que me fez abrir um sorriso e gentilmente responder: “Oi senhora, eu já estava sendo atendido no caixa”. E, imediatamente, ela compreendeu a situação e retribuiu minha afabilidade com um sorriso. Instantes depois, efetuei o pagamento no caixa e saí da farmácia com uma sensação de poder tão grande sobre mim mesmo, que me senti o próprio “Escolhido”.
Essa é apenas uma entre tantas experiências que venho tendo desde que comecei a aprender a respeito da realidade dos pensamentos e do poder que podemos exercer sobre nossa vida, quando atuamos de forma consciente com os devidos conhecimentos.