Conta-se que um jovem rico se acidentou de carro longe de casa. Um fazendeiro ouviu os gritos do moço e foi socorrê-lo, mas, espantou-se ao vê-lo no alto do penhasco, olhando para baixo e gritando:
– Minha BMW! Perdi minha BMW!
Percebendo que a mão esquerda do rapaz estava dilacerada, o fazendeiro alertou:
– Cara, você está tão desolado pela perda do carro que nem reparou no ferimento da sua mão! Olha o estrago que o acidente lhe causou!
Ao ver a mão ensanguentada, o jovem novamente pôs-se a gritar:
– Meu Rolex! Perdi meu relógio Rolex!
Isto pode parecer piada, mas coisas assim acontecem todos os dias. O ser humano é capaz de se preocupar mais com os bens materiais do que com a própria alma. Quanta gente pensa que tendo saúde e dinheiro não lhe falta nada! São pobres de espírito, muito diferentes dos pobres em espírito que Jesus valorizou.
Amar como Cristo amou parece utopia no mundo atual, onde não existem ‘santos’ como antigamente. E uma vida sem traços de santidade pode significar a exclusão do Reino do Céu, porque um pouco de humildade no coração e caridade nas ações são fundamentais no julgamento final.
Mesmo com defeitos e pecados, devemos servir a Deus com humildade e responsabilidade. No meu caso, as recompensas veem na medida certa: paz, saúde e fé, além de relativo conforto e boas amizades. Porém, não posso descuidar da alma; se não estiver bem alimentada com oração, as diferentes tentações do mundo começam a me assombrar. Tudo fica mais fácil com a recitação do terço, a reflexão da Palavra, a participação nos Sacramentos e a adoração ao Santíssimo. Quem não cuida da alma, padece nas provações.
E na sobrevivência do corpo, enquanto uns se apegam ao ouro, outros correm atrás do lixo – já virou emprego catar resíduos sólidos para viver! Peço a Deus que esta passagem bíblica toque em muitos corações dourados, insensíveis às aflições de seus vizinhos do lixo: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre sós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).
Mas também há muita gente boa no mundo. Eis o artigo de um juiz, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo, que causou emoção nas pessoas:
“Indaga-me se as sentenças podem ter alma e paixão. Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana? Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa há oito meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:
A acusada é multiplicadamente marginalizada: por ser mulher, numa sociedade machista; por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta; por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo; por não ter saúde; por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si.
Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém, que na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia. É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho:
Liberdade para Edna e liberdade para o filho que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo com forças para lutar, sofrer e sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade, quando pílulas anticoncepcionais pagas por instituições estrangeiras são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasileiro, quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento são esterilizadas, quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da terra e não reduzir os comensais, quando por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum com o feto que traz dentro de si.
Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão. Saia livre, saia abençoada por Deus. Saia com seu filho, traga seu filho à luz, porque cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro e algum dia cristão. Expeça-se incontinenti o Alvará de Soltura.”
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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