Existe um mundo que nós vemos e outro que também existe, mas invisível. Santa Teresa de Ávila dizia assim:eeu que pensava que podia ver só com os olhos do corpo… Só que a gente, acostumada com o correr da vida, com os trabalhos diários, não percebe o que não vê. Para isso, é preciso mais atenção desatenta, não ter medo de perder um tempo que se ganha, enfim, ver não vendo. Essas coisas estranhas só acontecem quando a gente está distraída da vida, sem por atenção nos problemas, só vivendo por viver, assim como quando a gente está bordando ou pintando e é assim que Deus quer que a gente viva, sem ansiedade e temor, longe do frenesi dos problemas.
Quer que eu conte outra? Pois olha só essa, minhas três primas foram para BH passar uns dias com a irmã mais nova que morava lá. Como sempre acontecia, a irmã mais nova foi à rodoviária para esperar as outras irmãs, com máquina fotográfica e tudo, como já era o costume. Bem, ela tirou uma foto que depois de revelada mostrava uma das irmãs já fora do ônibus e as outras duas saindo. Mas qual não foi a surpresa quando elas perceberam, numa parte pequena da primeira janela, uma carinha, um rosto que era da mãe delas já falecida e essa pessoa olhava para a câmera querendo ver melhor a filha mais nova. É claro que existe sempre um “parece, poderia ter sido o motorista ou qualquer outro passageiro” porque é uma parte pequena da janela e o rosto se encontra meio espremido. Eu, pessoalmente, não tive dúvidas, era minha tia, era seu rosto, seu espírito querendo fazer parte da festa das filhas.
Minha irmã costuma dizer:eles estão entre nós…
(Crônica de meu livro Santas Mentiras)