Economista e professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Ladislau Dowbor é especialista em economia internacional e um grande defensor do chamado FIB – Felicidade Interna Bruta. Segundo o professor o PIB – Produto Interno Bruto não é mais um indicador adequado para medição de riqueza de um país. “O PIB não mede os resultados para nós, [ele] não mede, por exemplo, a saúde. Ele mede quanto de esforço estamos despendendo, então não mede a produtividade desses recursos”, comenta.
Um bom exemplo desse cenário é o desmatamento da Amazônia. Quando se desmata a floresta e exporta a madeira aumenta o PIB, mas ao custo de se descapitalizar o país. A criminalidade também é um fator que contribui para o aumento do PIB, pois as pessoas investem em segurança e grade, mas não é algo de que uma nação deve se orgulhar. O atual indicador não é capaz de refletir os interesses da população nem a sustentabilidade ambiental.
Tecnicamente o PIB é uma conta errada. O que está acontecendo é o uso desse indicador para uma ordem de magnitude da velocidade de uso dos recursos, mas sabendo que ele não diz para onde se está indo nem que recursos são retirados do planeta e nem para quem. O PIB não vai desaparecer, essa é uma verdade, mas existem alternativas de sistemas mais sofisticados como os IDH – Indicadores do Desenvolvimento Humano e o já mencionado FIB.
Tomando a Suécia como exemplo é possível perceber a diferença. Naquele país o imposto é muito elevado, no entanto todo cidadão tem acesso gratuito a saúde e tempo, mesmo sendo homem é previsto 6 meses de dispensa para passar com o filho recém-nascido. O salário indireto que vem na forma de políticas sociais dá uma tranquilidade que não se vê no Brasil. Não se trata apenas de PIB, mas a qualidade de vida da população.
No planeta, com o que se produz hoje, dividindo os recursos por todas as pessoas igualmente, seria possível que toda família vivesse dignamente com um salário de 7 mil reais por mês. Não é preciso produzir mais, é preciso avaliar essa produção de maneira que não preze apenas o crescimento, mas a satisfação, a qualidade de vida de cada cidadão. São 80 milhões de pessoas nascendo a cada ano, é preciso repensar o consumismo para garantir que não venha a faltar.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM