Há tempos estamos falando dos problemas que o uso excessivo do crédito pode causar nas finanças das famílias. Em momentos de pandemia, essa situação pode ficar ainda mais preocupante. De acordo com uma pesquisa realizada pela fintech Bom Pra Crédito, 53% dos brasileiros pediram empréstimo pessoal para manter as contas em dia em 2020. A justificativa para essa situação, de acordo com o principal executivo da fintech, é que as finanças dos brasileiros ficaram comprometidas, principalmente por causa da pandemia.
Com isso, muitos brasileiros passaram fazer “rolagem de dívida”. Então você deve estar se perguntando, o que é isso? A rolagem de dívida é um termo usado em economia que está relacionado à novação de dívida, ou seja, à conversão de uma dívida em outra, com a possível mudança de credor ou devedor. Assim, ao “rolar” uma dívida, o devedor adia o pagamento, podendo trocar títulos vencidos ou muito próximos do seu vencimento (dívida velha) por títulos que vão vencer no futuro, adquirindo, portanto, uma nova dívida.
Ao adotar esse procedimento, em geral, mantém a adimplência do devedor. Entretanto, em geral, há também o aumento do endividamento. Isso porque, ao rolar a dívida, o devedor sempre terá que obter um montante maior de empréstimo, para saudar com os juros da operação anterior. Com isso, após sucessivas rolagens de dívidas, o valor a ser saudado poder se tornar impossível de ser pago.
Erroneamente, boa parte da população brasileira usa instrumentos financeiros que são inadequados para a rolagem de dívidas, como por exemplo rotativo do cartão de crédito ou mesmo o cheque especial. Esses dois instrumentos financeiros são velhos conhecidos por cobrarem as maiores taxas de juros do mercado. De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB), a taxa média de juros cobrada no rotativo do cartão de crédito em maio de 2021 foi de 363,3% ao ano. Ou seja, se você usar R$ 100,00 no rotativo do cartão de crédito para pagar a conta de energia elétrica, após um ano usando essa modalidade de crédito, você deverá pagar mais de R$ 460,00 à financeira.
Portanto, antes de usar para essas fontes de crédito que não têm burocracia e ficam constantemente disponíveis, atente-se para os juros que são cobrados. Mas se, infelizmente você não teve escolha e acabou tendo que usar, procure o quanto antes quitar o seu débito, tentando rolar a sua dívida, com outros créditos que cobrem uma taxa de juros menor. Mas as estratégias para organizar e quitar as dívidas é assunto para nosso próximo painel de educação financeira.
Então não perca o nosso próximo painel. Nele vamos falar sobre a Lei dos Super Endividados e sobre os Métodos Avalanche e Bola de Neve. Até lá!
Fiquem com saúde!
Autores:
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira (DENARIUS UNIFEI).
https://www.facebook.com/denarius.unifei/