O capítulo 6 do Evangelho de São Marcos descreve o envio dos apóstolos dois a dois para suas primeiras experiências missionárias. Jesus pediu que não levassem dinheiro, nem pão, nem duas túnicas, mas falassem em seu nome contra os espíritos impuros. Sábio conselho!
E o resultado foi o melhor possível: converteram muitos corações, expulsaram demônios, curaram doentes e pregaram a paz. Isso tudo só foi possível por dois motivos principais: fé e obediência à Palavra de Deus. Como eles tinham convivido um longo tempo com o Senhor, parece ter sido mais fácil cumprir a missão; porém, hoje, o que nos torna diferentes dos doze apóstolos?
Pense: podemos ficar demoradamente com Jesus próximos ao sacrário e também podemos agir na vida das pessoas em nossas comunidades. Portanto, fazer uma experiência com Cristo é perfeitamente possível a qualquer pessoa. Basta querer!
Às vezes, a situação se complica na vida de algumas pessoas porque depositam fé e prestam obediência indevidamente. Aceitam conselhos que contradizem aos ensinamentos bíblicos e dão com os ‘burros n’água’, como nesta história:
Um casal humilde precisou viajar com o filho e resolveu transportar a carga no lombo de um burro. Como o animal era forte, colocaram também o menino em cima dele e partiram. No primeiro povoado que atravessaram, bateram à porta de uma casa pedindo comida, não foram atendidos e ouviram este argumento:
– Vocês deixam o garoto descansando e caminham a pé? O chefe da família, mais velho e suado, é que deveria estar em cima do burro!
Imediatamente fizeram a mudança, bateram noutra casa e receberam mais um ‘não’.
– Como pode um senhor forte deixar a esposa caminhando enquanto viaja confortavelmente?
E com a mulher no lombo do animal, veio outra crítica:
– Coitado do burro! Esta senhora é muito pesada para ele. Já não chega a carga que carrega?
Finalmente, retiraram os fardos do seu lombo, cada um assumiu parte do peso e viajaram puxando o animal. Isso serve para lembrar que não podemos aceitar todos os tipos de orientações, principalmente vindas de pessoas que desconhecem ou não praticam a fé cristã. Temos também que valorizar as nossas vocações!
São João Maria Vianney, conhecido como o Cura de Ars (aldeia da França), passou 40 anos dos 73 que viveu com o rosário nas mãos e joelhos no chão! Contudo, não só os sacerdotes são vocacionados – como muitos pensam –, mas todos nós! Quando alguém tem talento para determinado trabalho, dizemos que a pessoa tem vocação para aquela atividade; portanto, uns são mais inclinados para algumas aptidões do que outros. Mas, e quem não sabe nada?
Deus não criou alguém assim porque a vocação mais sublime possível é o amor, que está ao alcance de todos. E como o nosso grande objetivo na vida é chegarmos à santidade, quanto mais amarmos, mais estaremos atendendo ao chamado de Deus para exercitar a maior vocação que Ele nos deu.
Todavia, como nossa liberdade é quase ilimitada, não podemos sempre pensar que tudo o que fazemos advém de predisposição para os atos praticados. Por exemplo, qual era a vocação de Santa Maria Madalena? Sabemos que ela foi uma pecadora pública e depois se tornou anunciadora da palavra de Jesus – por ter sido curada por Ele. Então, tinha dupla vocação: prostituição e santidade?
Se prevalecesse a vontade de Deus, é claro que o pecado não faria parte de sua vida, mas, como qualquer um de nós, ela enfrentou o lado sujo da existência humana enquanto não teve uma verdadeira experiência com Cristo. Porém, percebeu o melhor sentido da vida quando atendeu ao chamado do Senhor: acompanhou-o até sua crucifixão, sepultamento e foi a primeira a reconhecer o Ressuscitado.
Depois que encontrou Jesus, ela tanto amou que acabou se santificando! Isso deixa claro que tinha uma forte vocação para servir a Deus. Então, não tenha dúvidas: se você amar a Santíssima Trindade sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, parabéns, porque estará a caminho do Céu.
Bem, enviados já fomos desde o Batismo, agora é preciso ter consciência de que ser cristão é seguir Jesus Cristo com obediência e fé – e tudo de melhor nos será acrescentado!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).