Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje (1º) que o Banco do Brasil começou a antecipar a liberação de R$ 5 bilhões em crédito para a agricultura, afetada pela crise financeira internacional. “O banco antecipou o cronograma e está liberando mais crédito, remanejando recursos de alguns fundos para dar mais crédito para a agricultura”, declarou o ministro.
Antes da divulgação da medida, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) havia informado que a falta de crédito para o setor poderia causar queda na safra que se inicia, com agricultores plantando menos, ou até utilizando menos insumos.
A medida foi discutida em reunião da coordenação política do governo hoje, pela manhã. No encontro, o ministro enumerou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as providências para conter as restrições de crédito para determinados segmentos da economia brasileira. “O governo não está de braços cruzados. A determinação do presidente é que vamos dar sustentação para todos os investimentos”, declarou.
Mantega, no entanto, negou a elaboração de qualquer pacote. “Quem precisa de pacote são os Estados Unidos. Estamos apenas tomando medidas específicas para problemas específicos”, explicou.
Em relação à falta de crédito para os exportadores, o ministro disse que o governo está vendendo dólares para manter a liquidez dos bancos e ampliando as linhas de crédito para o setor. Mantega, no entanto, admitiu que a ajuda pode ser intensificada caso os problemas continuem. “Se isso não for suficiente, novas medidas serão tomadas para irrigarmos essas linhas de crédito para exportação”, afirmou.
Para combater as restrições de crédito para os bancos médios, o ministro ressaltou que a medida de redução do compulsório para operações de leasing, tomada na semana passada, está ajudando a dar mais liquidez a essas instituições. Mantega também destacou que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) terão o financiamento assegurado. “Todas as obras estão sendo viabilizadas”, destacou.
O ministro admitiu que o país crescerá menos em 2009, tanto por causa do desaquecimento da economia mundial, como dos reflexos das recentes altas de juros pelo Banco Central. Ele, porém, disse que o Brasil continuará em expansão sustentável.
Mantega rechaçou as alegações de especialistas de que a economia cresceria apenas 2% no próximo ano. “Se ficarmos com os braços cruzados e não tomarmos nenhuma providência, a economia crescerá pelo menos 2,5% apenas com o impulso de 2008 para 2009.”
Na avaliação do ministro, o governo federal não precisa aumentar o corte de gastos para enfrentar a crise. Mantega citou os resultados das contas do setor público, divulgados ontem (30) pelo Banco Central e criticou a administração das finanças dos governos estaduais.
“Pela primeira vez, o governo central [formado pelo Tesouro Nacional, pela Previdência Social e pelo Banco Central], conseguiu manter o superávit nominal de janeiro a agosto. São os estados que não estão conseguindo fazer superávit nominal”, disse Mantega.
Para tentar mostrar a solidez da economia brasileira, o ministro citou ainda o fato de que, em setembro, as reservas internacionais, atualmente em R$ 207 bilhões, não sofreram queda. “Na crise da Rússia em 1998, que era muito menor que a atual, nossas reservas evaporaram em poucas semanas porque o câmbio era fixo”, concluiu.
Fonte: Agência Brasil