Tenho uma gratidão imensa pela existência desses profissionais.
As dores da alma podem ser mais, muito mais profundas e destrutivas do que aquelas do corpo.
No entanto, a escuta hoje parece ter sido relegada a “cidadão de segunda classe” num mundo cada vez mais agitado, competitivo e barulhento.
Nos últimos tempos parece que desaprendemos a calma, o vagar, a conversa mansa e delicada. Desaprendemos a importância de um ouvido atento e afetivo, que é a única coisa que queremos do outro quando estamos feridos e cansados.
Sabemos falar muito e sobre tudo, mesmo quando não conhecemos nada do assunto. Temos sempre uma opinião pronta, um conselho não solicitado a dar, uma crítica contundente a fazer.
Mas como é difícil ouvir sem pré conceitos (que com muita frequência descambam em preconceitos), sem opiniões gélidas já formadas, sem certezas férreas apoiadas em fumaça.
A nossa única boca trabalha muito mais do que os dois ouvidos, numa flagrante desconsideração pelo desenho da natureza, que nos convida a ouvir mais do que a falar.
O psicólogo nos ensina o valor da escuta atenta, paciente e amorosa, coisa que tanto falta aos homens.
Ele nos devolve a esperança em dias mais ensolarados, em mais e melhores recursos para enfrentar a dor quando ela se apresenta, ele acalenta o sonho sempre sonhado da felicidade que se deve conquistar todos os dias.
Ele nos apresenta à nossa própria alma, às vezes solitária e confinada a um espaço menor da vida, ele nos revigora na fé em nós mesmos e na humanidade, ele caminha conosco pelas estradas escuras e poeirentas que às vezes temos que trilhar.
E em Cuidados Paliativos, ele suporta a imensa dor da partida e da perda de todos que se envolvem com aqueles que vão morrer.
Minha imensa gratidão a esses profissionais.