Nos tempos da inocência
Vi minha avó sem vida
Estirada num caixão de flores.
Descobri então que a morte existia …
Apenas para os avós.
Nos tempos da inocência
Eu achava que os bebês nasciam espontaneamente,
Bastava ser casado corretamente.
E quanto ao número de filhos?
Ora, isto era com Deus.
Para uns ele mandava um, para outros, oito, dez, até doze!
Para minha mãe ele mandou somente 6!
Eu vivia encantada com o mundo
Depois da escola era só botar uma roupa surrada
E partir para a aventura de achar manga madura
Que se oferecia prodigamente em nosso quintal.
Minha mãe assistia a tudo da janela
Cheia de risos e alegria.
O mundo era mágico e a vida era bela
Era minha inocência intacta e genuína
Minha feliz vida de menina.