Eu sempre soube que os animais são criaturas, diferentes de nós, humanos, que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Sempre soube que nós possuímos alma e eles não. Sempre soube que o Céu existe para quem o merecer, isso para nós, humanos. Os animais não irão para o Céu. Será que não? Não gente. Eu adoraria que fossem. Adoraria encontrar lá no Céu com a Joia, a última perdigueira de meu pai e da qual me lembro muito bem, com muitas saudades. Aliás, adoraria que os dois estivessem juntos, a Joia e o papai.
Bem, ontem ouvi de uma pessoa algo que me deixou encucada. Disse ela que os animais são só instinto, que eles não têm sentimentos. Eu até aceito que os cães e os gatinhos e as aves e os elefantes e as borboletas não vão para Céu, mas não aceito que os animais não tenham sentimentos. Têm sim. Dá para ver quando é instinto e quando é sentimento. É fácil, é só entrar no universo do Youtube e procurar os vídeos de animais. Todo mundo sabe como os animais sentem.
Assisti a um vídeo mostrando uma cachorrinha que estava em depressão. A pobrezinha teve vários cãezinhos. Foram tirando dela, um a um. Só restou o último. Ela se apegou a ele com desespero. Mãe e filho eram um só. Pois bem, tiraram o filho dela. Ela não comia, não bebia, não vivia. Levaram a cachorrinha para a veterinária. Põe soro, cumula de amor e carinho, e nada. Não me lembro como foi, mas o fato é que souberam para onde havia ido o último cãozinho. Trouxeram lá o bichinho. E a câmera mostra a cachorrinha que era a própria imagem da tristeza, com o focinho sobre as duas patinhas, com um ar de quem queria morrer mesmo. Quando a veterinária trouxe o cãozinho e o colocou diante da mãe, gente do Céu! Ela se pôs em pé com suas quatro patas e pulava pra cá e pulava pra lá. Mordiscava o bichinho, gania de alegria. Cadê a tristeza? Se fosse só instinto, ela não faria isso. E não me digam que qualquer cãozinho serviria, podia até ser, pois acontece de cães adotarem gatos e vice-versa. O que eu quero dizer é que ela estava na clínica rodeada deles e sua tristeza era notória. Bem, mãe e filho foram felizes para sempre.
E aquele vídeo que mostra o leão imenso, um gigante de bicho que quando reconheceu seu tratador desde pequeno em uma reserva, veio à toda a velocidade e pulou no colo do rapaz que mal podia se equilibrar, mas foram para o chão os dois, e o leão mordiscava e fazia carinho, gente que lindo! O leão estava solto já na floresta e reconheceu seu amigo depois de muitos anos. Instinto? Pois sim.
E mais o caso da gorila mãe que fica desesperada, louca, tentando salvar seu filhote que estava preso apenas por um galho quase despencando num abismo. Os outros gorilas também tentavam ajudar de tudo quanto é jeito. Eles conseguem puxar o filhote. E ver mãe e filho abraçados, a mãe chorando de alegria! Todo mundo merece!
E os golfinhos que se recusam a comer após a morte do companheiro? E os gansos que procuram pelo companheiro perdido até ficarem desorientados e morrerem?
Instinto? Não, pelo amor de Deus! É sentimento.
Só de ver minha irmã com seus gatinhos e do que eles são capazes por amor! Só São Francisco para explicar.
Temos muito que aprender com os animais, com os bichos. Seríamos melhores, muito melhores. Agora, se eles vão para o Céu, acho que não, mas que têm sentimentos, isso têm, sim senhor!
Termino aqui com uma frase da Rachel de Queiroz que diz tudo: “E quem sabe se não há por aí muita alma fechada que, começando a se interessar pelos cachorros, acabará se apaixonando pelos homens”?