O isolamento sobrevém quando o indivíduo é tomado por estranhos pensamentos de ceticismo e indiferença. Perdida a fé em seus semelhantes e em suas possibilidades, ele procura o isolamento como meio seguro de imunidade social. Mas a propensão a isolar-se tem também sua causa na escassa capacidade – tantas vezes motivo da falta de confiança em si mesmo –, na reserva, na aspereza, etc., e também se descobre sua origem na criança coibida ou retraída.
A esse respeito, diremos que, embora se deva ser cauteloso no uso dos estímulos que se dão à criança para fomentar sua desenvoltura, é preciso empregá-los abundante e empenhadamente naquela que apresenta essa tendência, procurando neutralizá-la quanto antes, se se quer evitar que algum pensamento indesejável ou improdutivo, incubando-se na criança, domine um dia sua vontade e, com os anos, transtorne seu juízo.
Seja qual for a origem dessa propensão, concluiremos sempre que isolar-se é um erro cuja persistência leva o indivíduo a lamentáveis extremos de misantropia.
O isolamento voluntário endurece os sentimentos do homem e trava as faculdades de sua inteligência. Faz com que viva na ilusão de um retiro psicológico que crê desfrutar sozinho, sem admitir que o acompanham em sua fuga pensamentos que o tornam estranho e intratável.
A convivência é tão necessária e útil ao homem como a mobilidade para evitar o entorpecimento de seus membros
Sobram razões para pensar que quem se empenha em viver isolado é, além de insociável, egoísta, pois não toma conhecimento das aflições e problemas da humanidade, em cujo contato está obrigado a viver por lei natural.
A convivência entre os semelhantes, dentro da esfera onde cada qual desenvolve suas atividades e manifesta seus gostos, aptidões, preferências ou inclinações, é tão necessária e útil ao homem como a mobilidade para evitar o entorpecimento de seus membros.
Por Carlos Bernardo González Pecotche