Como qualquer apaixonada por cinema, eu também aguardei ansiosamente a segunda parte da quinta temporada da série que a Netflix produziu nos últimos anos.
O roteiro de Álex Piña continua sendo uma das melhores histórias que já se produziu no cinema: um roubo que faz com que os espectadores torçam todo o tempo para os ladrões.
Primeiro, porque eles não são bandidos, mesmo que ladrões há gerações, como o Professor e o seu irmão Berlim. São todos personagens um tanto marginais, mas incrivelmente morais. São amorosos, sonhadores, lutam pela destruição de um sistema corrupto, embora para seu próprio benefício.
O próprio roubo nasce da necessidade afetiva de um filho de se parecer com o pai e a música-tema (Bella Ciao), nos faz levantar do comodismo, como se também fôssemos revolucionários como eles se sentiam.
A performance incrível dos atores transcende a qualidade individual; tem-se a impressão de que eles, assim como o espectador, foram tocados pelo arquetípico de cada personagem, como se cada um deles tivesse incorporado uma mensagem, e não apenas atuassem.
A fotografia é quase hipnótica; os ângulos que as câmeras escolhiam não podiam ser mais impactantes; a ação do filme, e até mesmo os detalhes intensamente realísticos da destruição e das mortes, não eram chocantes como poderiam ser.
A história pode ter começado pelo dinheiro, mas depois é sobre cada um deles e a crença de que irão sair vivos desta situação, apesar de algumas perdas que sofreram pelo caminho.
No fim, curiosamente, vemos La Casa de Papel retornar ao tema das revoluções, só que desta vez equilibrando consciência coletiva social com aquelas que surgem no íntimo de cada um de nós, o amor especialmente.
Porém, é essencial que escutemos atentamente a mensagem final, que revela qual é a principal motivação de um(a) revolucionário(a) em qualquer missão que encara.
Pelas notas finais, percebemos que para revolucionar sua própria vida ou todo um sistema, precisamos nos abastecer de calor, paixão, amor.