Mais um ano que se vai, mais um novo ano que vem. É claro que ao amanhecer do primeiro dia do novo ano, tirando a ressaca da noite de champanhes e comidas apetitosas seremos os mesmos, apenas um pouco mais velhos. Quando muito, trarei a lista de metas, projetos e desejos na primeira gaveta da mesinha do computador. E como o tempo agora passa aceleradamente por não sei qual fenômeno de aceleração planetária que já me disseram, lá para maio ou junho certamente constatarei que as metas e projetos não saíram do papel, tampouco os desejos terão sido realizados.
Não vou prometer nada não, contudo, sem querer ser assim tão pessimista, alguns desejos podem sim muito bem serem realizados, talvez, quem sabe, tomara. Afinal, a vida é sempre surpreendente. Não vamos murmurar. Tá ruim, mas tá bom, como diz meu marido.
Sobre os desejos, também não quero nem devo sair por aí dando a conhecer os anseios do meu coração. Sou um livro quase aberto, normalmente falo tudo em minhas crônicas, bem, quase tudo, parodiando Danuza Leão. Como a vida vai aos poucos se transformando numa estrada estranha e estreita, meu desejo para o ano, se fosse possível, seria embarcar numa nave espetacular ou como diria Raul Seixas, num disco voador para onde ele for e enxergar bem de longe meus problemas como meros pontinhos bobinhos no meio deste universo fenomenal.
Voltando ao tal disco voador, eu chegaria a um planeta misterioso e fascinante onde obviamente eu poderia viver feliz como sempre quis, tal qual em Pasárgada. Já pensou? O rei em pessoa vem me receber, e me garante que ali eu serei cem por cento feliz. Ali minha vida será uma grande aventura, nada de coisas banais, só geniais.
Diz ainda o rei, meu amigo, que poderei andar de bicicleta, mas confesso envergonhada que não sei mais como se anda nessa geringonça de duas rodas. Já nem me lembro. Mas ele me rebate dizendo que aqui o tempo volta até quando a gente quiser, portanto saberei pedalar como quando era criança. Sendo assim topo subir até no pau-de-sebo, já perdi o medo de qualquer coisa. Menos de uma: montar em burro brabo! Isso não! Mas tomarei banhos de mar! Ah que delícia! Brincarei de espirrar água para o céu e as gotinhas se transformarão em diamantes e eu me sentirei como “Lucy in the sky with diamonds”.
Nunca mais serei triste. Quando de noite me der vontade de chorar, o rei em pessoa virá me alegrar. E trará flores de cores primores que nunca vi antes. E me contará casos tão engraçados, que me farão rir tanto, tanto, desses risos de criança que não param nunca, que fazem a gente chorar de tanto rir.
Falando sério, o que eu mais desejo para o novo ano? Viver uma vida em cada dia, embebedar-me de fantasia, viajar no tempo, deletar os sonhos maus, descobrir quem sou, ser feliz custe o que custar, amar, amar e amar em Pasárgada ou qualquer outro lugar, dentro ou fora de mim, onde sempre haverá risos mil mesmo no meio das tristezas, dificuldades, lágrimas e ainda que seja alguma pálida alegria que a vida nos presenteia em kits de sabedoria! Para o Novo Ano? Ah desejo escrever muito!
“Que venga el Año Nuevo con mucha inspiracion”!