Desde criança, tinha uma característica que me atrapalhava muito a convivência e o relacionamento com os demais. Recordo-me de um episódio dos tempos de adolescente, quando uma colega de turma me chamava a atenção, mas esta característica dificultava uma aproximação natural. E a sensação que isto causava não era nada agradável, sentia como se estivesse sempre perdendo alguma coisa por não conseguir enfrentar esta limitação. E assim fui vivendo, me adaptando à característica, como se eu fosse daquele jeito e pronto.
Quando conheci a Logosofia, tomei contato com a concepção que esta ciência apresenta para determinadas falhas da psicologia humana, as deficiências, que interferem na vida na forma de pensamentos e têm força suficiente para alterar a conduta. Ensina a identificá-las em si mesmo e indica os recursos e a forma de combatê-las. Descobri, entre elas, a que mais prejuízos me causava: a inibição.
A partir daí, comecei um processo de libertação de sua ação, passando a cultivar a resolução, sendo denominado este valor como sua antideficiência.
A título de ilustração, antideficiência é como uma vacina que, sendo aplicada em pequenas doses, iria imunizando o ser justamente contra a ação dessas deficiências, até chegar a uma total neutralização de seu poder. Os componentes desta vacina são os pensamentos opostos à ação que a deficiência provoca, no meu caso, a resolução. Assim, por exemplo, se em uma atividade aparecesse um pensamento que me convidasse a me isolar, argumentando que não teria nada a dizer, imediatamente aparecia outro que me estimulava a fazer um esforço para enfrentá-lo, buscando contato com os demais, eliminando este falso julgamento de mim mesmo. Se ocorresse ser convidado para fazer alguma apresentação para um conjunto e aparecesse algum pensamento insinuando que não seria capaz ou que me faltavam condições para isso ou que na hora não conseguiria falar, logo outro se interpunha me levando a ter uma ação ativa para bloquear a sua ação, que se traduzia na aceitação do convite, fazendo com que toda a ardilosa argumentação dos pensamentos negativos caísse por terra.
Gradativamente comecei a construção de uma nova psicologia, na qual esta característica, depois de algum tempo, já não tinha mais a mesma força de antes, e aos poucos fui conseguindo me aproximar dos demais e constatar, de forma ainda mais clara, o grau de prejuízo que ela causava em minha vida.
Recordo-me dos primeiros tempos dos estudos, quando ainda não tinha os necessários recursos que o método logosófico disponibiliza para quem se proponha a realizar o processo consciente de superação. Perdia muitas oportunidades de desfrutar do contato com outros estudantes que, como eu, estavam em busca de se tornar melhores seres e poder ajudar os demais a também se tornar melhores. Em uma das atividades onde muitos se reuniam para compartilhar estudos sobre algum conceito importante – como o conceito de vida, de Deus, Leis Universais e outros –, costumava me sentar nas últimas fileiras e, quando acabava, saía em seguida, movido pela inibição, que me levava para longe do local o mais rapidamente possível.
Hoje, diria que tenho muito mais recursos e já não sou escravo desta limitação e isto tem me possibilitado viver uma vida mais plena, construindo vínculos com diversos seres com os quais tenho a oportunidade de conviver. Agora, já não tenho mais medo de me aproximar, de falar, de compartilhar experiências, de aprender com o que o semelhante possa me transmitir, num processo de ajuda mútua em que também posso oferecer o fruto do que tenho aprendido no esforço de viver uma vida cada vez mais consciente.
E, na realização deste processo, pude também começar a forjar respostas a respeito de questionamentos sobre a vida e seu significado, a partir da concepção logosófica que apresenta o ser humano como um ser biopsicoespiritual, destinado a alcançar, em sua existência, coisas grandiosas.
Faço, então, um convite ao leitor que eventualmente se identifique com o quadro que apresentei da minha psicologia e que me acompanhou por um longo tempo, ou que se sinta afetado por alguma outra característica que não o agrade, ou ainda que se formule os mesmos questionamentos sobre a razão de ser dessa vida, a considerar que tanto o enfrentamento de qualquer limitação que tenhamos, bem como alcançar as repostas a tudo o que nos ocorra questionar é totalmente possível. Para isto, é necessário que se adquira um conhecimento específico, o conhecimento transcendente, e a orientação de como aplicá-lo na própria vida para que o ser humano possa começar a realização de um processo de superação que a contemple de forma integral.
Assim, se você quer se tornar alguém mais feliz, desfrutar da inefável sensação de liberdade que sentimos à medida que vamos nos tornando efetivamente donos de nós mesmos, alcançar respostas sobre a razão de ser de sua existência na terra, então, mãos à obra, pois a partir de agora a decisão que pode modificar definitivamente a sua vida está ao seu alcance!
Ens.:
“Aquele que em verdade quiser escapar de seu domínio fará da resolução seu ponto forte e, tantas vezes quantas forem necessárias, repetirá mentalmente para si mesmo que deve ser valente, que nada deve temer, procurando, é claro, manter-se em consonância com o que pensa. Recorde-se que é necessário favorecer a própria resolução, se se quer sentir o influxo da coragem e agir de forma consequente.”
(DPSH pg. 74§2)
Um pensamento de Carlos Alberto Soares