
odo final de ano circulam mensagens bonitas por toda parte. São telefonemas carinhosos a amigos, cartões especiais de boas festas, abraços apertados em confraternizações e, principalmente, textos pela internet. Sabendo filtrar coisas boas e ruins nos correios eletrônicos que recebemos, muitos conselhos podem ser aproveitados.
Por exemplo, um vicentino me enviou ‘a arte de não adoecer’, escrito pelo médico Dráuzio Varella. Ele diz que se não quisermos ficar doentes, precisamos: confidenciar os nossos segredos, aprender a tomar decisões, enxergar soluções com otimismo, enfrentar a realidade dos fatos, aceitar críticas, confiar nas pessoas e ser alegres.
Um sacerdote repassou-me o texto ‘falar é fácil’, relatando que é extremamente simples: julgar, demonstrar raiva, ditar regras, sonhar todas as noites e até dizer ‘como vai?’ Muito mais difícil é: refletir sobre os erros, expressar amor, obedecer as leis, lutar por um sonho e dizer ‘adeus’.
E o mais fácil de tudo é ocupar um lugar na caixa de e-mail das pessoas, mas é bastante difícil ter o mesmo espaço no coração de alguém. Pense quanta solidão existe no mundo porque muitos só pensam em trilhar caminhos fáceis! Isso também é fácil de imaginar, não?
Outra mensagem da internet dizia que temos oito presentes simples, mas importantes para oferecer ao próximo: escutar, afeiçoar, sorrir, enviar bilhetes de carinho ou de gratidão, elogiar, prestar favores, respeitar a solidão alheia e colocar-se à disposição. Apenas explicando o penúltimo, quando sentimos que alguém precisa ficar só, devemos ter a sensibilidade para presentear a solidão ao outro. Bem, isso nem sempre é fácil!
E jesus, que presente nos pediria neste final de ano? No capítulo 11 do Evangelho de Mateus, Ele diz: “Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista e, no entanto, o mais pequeno no reino do céu é maior do que ele.” E o que fazer, então, para agradarmos a Cristo? Justamente Ele que nos oferece a recompensa de entrarmos no paraíso e sermos santos!
Ainda bem que concretizar isso é mais simples do que o texto ‘falar é fácil’! Basta fugirmos dos pecados, amarmos a deus e ao próximo com sinceridade, certo? Quem não fizer isso, com certeza nunca irá superar João Batista e poderá perder o céu!
E ainda recebi uma mensagem de Mário Quintana, assim: “Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que deus quis dizer com este mundo. E sinta primeiro, pense depois; perdoe primeiro, julgue depois; ame primeiro, eduque depois; esqueça primeiro, aprenda depois; liberte primeiro, ensine depois; alimente primeiro, cante depois; aja primeiro, julgue depois; viva primeiro e morra depois.”
Mais uma vez, falar é muito mais fácil do que realizar isso tudo, porém, só consegue quem tenta sentir o que Jesus sentia. Santo agostinho conseguiu e ainda fez este comentário: “Que cada um tenha, pois, a prudência de aceitar as advertências do nosso mestre, para não deixar escapar o tempo da sua missão. Porque, se o homem é poupado, é para que se converta e que ninguém seja condenado. Cabe a deus saber quando virá o fim do mundo: qualquer que ele seja, agora é o tempo da fé.”
Sim, agora é o tempo da fé! Estamos quase encerrando mais um advento e o que mudou em nós? Ah, como é fácil ver o quanto outras pessoas precisam mudar! Só que fomos advertidos pelo mestre a mudarmos o nosso coração primeiro e, só então, demonstrarmos que temos suficiente amor ao próximo para uma autêntica evangelização. Na verdade, quem procura se aproximar de Deus, se converte rapidamente.
Para concluir, ainda quero contar a história de um jovem muito rico que foi conversar com um sábio. Queria lhe pedir um conselho para orientar sua vida solitária e vazia. O bom homem o levou até a janela e perguntou-lhe:
– O que você vê através dos vidros?
– Vejo pessoas que vão e vêm e um cego pedindo esmolas na rua.
Então, o sábio estendeu-lhe um grande espelho e novamente indagou:
– Olhe e diga agora o que vê.
– Vejo a mim mesmo!
– E não vê os outros, certo? Repare que a janela e o espelho são feitos da mesma matéria prima: o vidro; mas, no espelho há uma camada prateada que não deixa você ver mais do que sua pessoa. Através do vidro transparente da janela, porém, é possível ver os outros. Agora, compare-se a estas duas espécies de vidro.
– Como assim?
– Pobre, você enxergava os outros e tinha compaixão deles. Coberto de prata, vê somente a si mesmo. Portanto, você só valerá alguma coisa quando tiver coragem de arrancar o revestimento que lhe tapa os olhos e o coração. Só assim poderá amar as pessoas de novo.
Bem, sugiro que, nesta semana, você reflita em quantas mensagens bonitas já escutou ultimamente e conclua se as têm aplicado na sua vida. Jesus irá nascer no coração daquele que se preparou com humildade para recebê-Lo – lembre-se disso! E Deus queira que este não seja apenas mais um simples final de ano para nós.
Por Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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