As baixas temperaturas no Sul e Sudeste do país são ainda mais perigosas para moradores de rua
O total de pessoas vivendo em situação de rua na cidade de São Paulo supera o número de habitantes de mais da metade dos 645 municípios paulistas. Moram nas ruas da cidade ou dormem em albergues municipais 13.666 pessoas, população maior do que a de 328 municípios. Nos últimos dez anos, o total de pessoas que vivem em situação de rua em São Paulo cresceu 57%. Os dados do censo da população de rua de São Paulo, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), foram divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Assistência Social, que contratou a pesquisa. O trabalho de campo foi feito entre novembro e dezembro de 2009. Entre os principais problemas presentes na realidade dessas pessoas sem dúvida estão as condições climatológicas. Atualmente a principal atenção está voltada para o frio extremo, principalmente nas cidades do Sul e Sudeste do país.
As reações do nosso corpo ao frio extremo são rápidas e potencialmente fatais. As partes mais expostas, como os dedos e a ponta do nariz, podem necrosar e obrigar à amputação. O ambiente gelado acelera o metabolismo, instala a confusão mental, atrai a sonolência, leva ao coma e paralisa o coração, tudo em questão de minutos. Segundo especialistas, existem relações curiosas entre o corpo humano e as temperaturas externas. Submetido à temperatura de -12°C, por exemplo, o ser humano perde parte da habilidade manual; a -8°C acaba a sensibilidade do toque; a -5°C, sem roupas, na água, a essa temperatura, a pessoa morre em meia hora; a -4°C o coração pode ser parado com segurança e depois reanimado. Essa técnica é usada em cirurgias cardíacas. A -25°C, no ar parado, uma pessoa bem agasalhada sobrevive tranquilamente, já influenciado por uma brisa de 16 km/h, a pele congela em 2 minutos. E com um vento de 44 km/h, a carne congela em 30 segundos. A -89°C, a temperatura mais baixa já registrada na Terra, na base russa de Vostok, Antártida. Um homem, mesmo agasalhado, congela em segundos.
Segundo a Associação Nacional da População de Rua, de 30 a 40 pessoas morrem de hipotermia a cada inverno nos três estados sulistas: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal cai abaixo do normal. O metabolismo é prejudicado e há confusão mental, tremor e espasmos musculares. Assim, a frequência cardíaca diminui e a pessoa pode ficar inconsciente e até morrer.
Fonte: Somar Meteorologia