Quando recebemos a notícia de que o Rafael teria a T21, por falta de conhecimento e devido aos mitos que existiam, e ainda prevalecem na sociedade, muitas coisas passaram na minha cabeça…e hoje vejo o quanto é importante quebrar paradigmas e desvendar alguns mitos sobre a T21, a fim de que a sociedade e a própria família mudem o olhar e as atitudes com eles, e desta forma contribuindo cada vez mais para o desenvolvimento, autonomia, criando mais oportunidades, respeitando a individualidade e a limitação de cada um deles.
E para dar continuidade com essa série de “Mitos ou Verdades”, destacamos nesse artigo mais alguns mitos sobre a T21:
Crianças com a T21 devem frequentar escolas especiais! Um mito que dia a dia está sendo desmitificado… Ainda que as crianças com a T21 apresentem deficiência intelectual em níveis variados, isto não pode ser um obstáculo para que a criança frequente uma escola regular. Muito pelo contrário! A modelagem, ou seja, aprender a partir da observação do fazer do outro, é uma grande fonte de aprendizado para que as crianças com deficiência possam aprender a viver em sociedade. Alguns estudos mostram que o aprendizado acadêmico da criança com deficiência que frequenta a escola regular é maior do que quando ela aprende em escolas “especiais” ou em casa. A interação social é um fator muito importante para o desenvolvimento infantil da criança com e sem deficiência.
Pessoas com a T21 sempre tem a mesma aparência! Negativo! Embora as pessoas com a T21 apresentem uma série de características físicas que ajudam no diagnóstico da trissomia do cromossomo 21, toda pessoa é única. Ainda que algumas características físicas (tais como os olhos amendoados, orelhas pequenas e arredondadas, língua grande, saliente e enrugada, boca que costuma ficar aberta, cabelo fino e liso e pescoço curto e grosso, com pele a mais na nuca) possam ser mais presentes do que outras, as crianças com a T21 são muito diferentes entre si, e carregam características físicas de sua família biológica.
Além disso, há presença de pessoas T21 em todas as etnias: brancos, negros, amarelos, etc. E existem também algumas crianças com pouquíssimas características físicas da trissomia, o que não está relacionado necessariamente ao seu potencial intelectual.
Pessoas com a T21 não podem praticar esporte! Não é verdade! Muito pelo contrário, as pessoas com T21 podem e devem praticar esportes, pois ajuda muito na qualidade de vida e no bem-estar físico e emocional (autoestima e sentimento de pertencimento). Importante ressaltar que a prática de atividade física deve ser realizada com acompanhamento de um profissional especializado e que conheça sobre as necessidades específicas da T21.
Uma vez escutei de uma pessoa que as pessoas com a T21 não podem trabalhar, o que mostra o quanto ainda devemos caminhar no assunto de inclusão para esse público…Hoje, temos centenas de exemplos de pessoas com a T21 que trabalham, e outras centenas que podem trabalhar e têm toda capacidade de trabalhar, seja no emprego formal ou no emprego informal. Mesmo sabendo que hoje temos a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91) que garante os direitos a depender do número de empregados da empresa, é importante ressaltar que nem todas as pessoas com T21 precisam ou vão ser incluídas no mercado de trabalho. Isso depende muito da possibilidade, condições, capacidade e do desejo da própria pessoa, além do desejo da família. Um exemplo maravilhoso que temos aqui no Brasil, é o trabalho realizado pelo Instituto Mano Down, de BH, que além de parcerias com grandes empresas, realizam capacitação para os jovens com a T21, preparando-os para o mercado de trabalho respeitando a singularidade de cada um, promovendo oportunidades e gerando possibilidade a eles.
Eduardo Hideo Sato – Pai do Rafael Gomes Sato de 12 anos e que tem a T21 e idealizador e coordenador da 1ª equipe de Futsal Down do Sul de Minas, o @t21arenapark