Os resultados da primeira edição da pesquisa Empreendedorismo Feminino, divulgada pelo Sebrae Minas este ano, revelam que as mulheres já comandam 33% das micro e pequenas empresas no estado. O estudo também destaca que 44% dos estabelecimentos administrados pelas mineiras faturam entre R$ 60 mil e R$ 180 mil por ano e têm, em média, cinco funcionários.”A participação tem aumentado e é significativa. Elas têm encontrado mais espaço com seu estilo de gestão. A mulher é multifuncional, tem cuidado, jogo de cintura, flexibilidade e mobilidade, maior facilidade de se adaptar às mudanças”, enfatiza a analista do Sebrae Minas, Michelle Chalub Cossenzo.
Ainda segundo a especialista, do total de pessoas atendidas pelo Sebrae Minas em 2012, 43% eram do sexo feminino. “Isso prova que as mulheres têm buscado se capacitar cada vez mais para os negócios e cargos de liderança. Mas, mesmo conquistando espaço na economia, o grande desafio delas ainda é conciliar o lado empresarial com as diferentes atuações na sociedade”, analisa Michelle.
A empresária Maria José de Lima Freitas, do município de Carmópolis de Minas,na regiãoCentro-Oeste do Estado, teve que conciliar a maternidade com os negócios da sua fábrica de doces. “Tinha que trabalhar dia e noite e ainda cuidar dos dois filhos”, lembra.
Depois que foi demitida do antigo emprego, ela precisava buscar o sustento da família. “Peguei um tacho e comecei a fazer doces para vender na rua. Já que ninguém me dava serviço, criei o meu. Aos poucos o mercado foi se abrindo”, completa. Atualmente, a Mazé Doces Artesanais, há 14 anos no mercado, vende cerca de 30 toneladas de doces e possui 22 funcionários.
A Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD-MG) 2011 – Mercado de trabalho e gênero, publicada também este ano pela Fundação João Pinheiro (FJP), mostra dados semelhantes. De acordo com o estudo, as mulheres correspondem a 29,6% dos trabalhadores por conta própria, pessoas que trabalham e exploram o próprio empreendimento, sozinha ou com sócio.
A publicitária Roberta Vasconcellos é uma das que se encaixam neste perfil. A jovem empreendedora é sócia fundadora da empresa de base tecnológica que lançou, neste mês, o aplicativo para iPhone Tysdo, que torna possível compartilhar experiências de vida por meio de uma lista de desejos com desafios e recompensas.
“Desde o início, a ideia era fazer com que o aplicativo virasse um negócio. Por meio do convívio social (virtual), a intenção é conseguir a motivação que as pessoas precisam para realizar seus desejos. Para ganharmos em escala, o aplicativo, disponível na Apple Store, tem versões em português e inglês”, esclarece Roberta.
Roberta destaca ainda que o planejamento da empresa leva em consideração o projeto de incentivo de startups do Governo de Minas, que tem a meta de fomentar o empreendedorismo no segmentode inovação tecnológica, promovendo a agregação de valor na atividade econômica.
“Inspirado em iniciativa exitosa do governo chileno, o SEED – Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development – desenvolvido pelo Escritório de Prioridades Estratégicas, promoverá a transferência de conhecimentos e habilidades entre empreendedores globais e locaise aproximará os empreendedores mineiros dos polos mundiais de inovação”, explicou o governador Antonio Anastasia ao encaminhar o projeto de lei para a Assembleia Legislativa.
A previsão é que o edital seja aberto até outubro deste ano para a seleção da primeira turma. Ao todo, 40 projetos de empreendedores e startups serão beneficiados. “Estamos esperando para ver as informações e seria muito bom participar de um projeto diferenciado, que estimula iniciativas como as nossas em Minas”, planeja Roberta.
Izabel Cristina Carvalho Mendes, que também faz parte das estatísticas favoráveis à atuação das mulheres mineiras à frente dos próprios negócios, trabalhava em um banco de Belo Horizonte quando uma das suas clientes mencionou que precisava de alguém que fornecesse embalagens especiais para sapatos. Como Izabel não encontrou um fornecedor, ela mesmo decidiu desenvolver o produto. “Fiz isso à noite, a mão. Ela gostou e depois cortei mil sacolinhas para o evento. Elas fizeram muito sucesso e passei a receber muitos pedidos, inclusive da França. Chamei um sócio e passamos a levar o negócio a sério”, recorda Izabel.
Com o sucesso do produto, Izabel deixou o antigo emprego para se dedicar ao novo empreendimento. Atualmente, a Belpa está há 25 anos no mercado e comercializa cerca de 1,5 milhão de embalagens especiais, com faturamento de R$ 1 milhão e 800 mil, com crescimento entre 25% a 30% ao ano.
A bióloga Kátia Torres de Souza também tem sua trajetória ligada a uma necessidade de mercado que surgiu em seu caminho. Membro do conselho diretivo da Ambiotec, associação instalada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), Kátia ajuda empresas do setor de biotecnologia a desenvolver seu próprio negócio.
“Apresentamos às empresas oportunidades e conseguimos fomentar parcerias, inclusive com o Governo de Minas, com o objetivo de queelas adquiram forças e ajudem a desenvolver um polo de biotecnologia no estado”, afirma Kátia.
De acordo com a bióloga, o fato de a associação atuar no BH-Tec favorece os novos negóciosna área de tecnologia e permite um contato direto com o setor de inovação. “Isso trouxe um diferencial para nós. Como já tive uma incubadora, sei como este tipo de ambiente, que trabalha com base tecnológica, é muito importante”, frisa.
Antes de dirigir a Ambiotec, Kátia já havia participado da fundação e gestão de três empresas de biotecnologia. “Arriscamos em nossa trajetória. Tínhamos formação técnica e buscamos nos informar em termos de gestão empresarial para abrir o mercado. Eu comecei minha primeira empresa há 13 anos, com mais outras três sócias mulheres. Atualmente, participo da gestão de duas”, conta.
Dentre as empresas fundadas por Kátia, a Linhagem Genética foi uma das primeiras instaladas em Minas Gerais especializadas em genética animal. A outra, a Gen, fundada em 2012, atua em um novo campo da biotecnologia que tem ganhado cada vez mais espaço.
Fonte: Agência Minas