Disse Jesus aos apóstolos: “Não vos deixarei órfãos. Voltarei para vós. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me vereis porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou no Pai e vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 18-20). Dá para imaginar a dor que a ‘perda’ do Mestre trouxe para aqueles corações? O próprio Jesus lhes antecipou: “Em verdade, em verdade vos digo, haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria” (Jo 16, 20).
Eles superaram a tristeza da separação unindo-se no amor e na fé. Jesus também os orientou nisso: “Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 25-26); “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando” (Jo 15, 12-14).
Portanto, se Deus nos deu a graça de termos fé na ressurreição dos mortos, só nos resta continuarmos amando os nossos irmãos – vivos e mortos. A paz em nossos corações será mais completa se soubermos corresponder ao amor que o Pai nos concede para compartilharmos em comunhão fraterna.
Amar como Jesus amou e aceitar a vontade do Pai como Maria aceitou: estes são os nossos desafios sempre. Agindo e pensando assim, veremos que: embora os nossos entes queridos – chamados à glória de Deus no Céu – tenham deixado muitas saudades, as maravilhas que vêm d’Êle a cada instante em nossas vidas, superam a tudo e merecem um grande sorriso.
Recordo que a minha participação na ‘Tenda do Senhor’ da TV Canção Nova, dia 12 de abril de 1998, foi muito importante em vários aspectos: falamos da devoção à nossa Padroeira; cantamos duas músicas do CD que estávamos gravando; contamos com a força do saudoso Pe. Aquilino ao vivo; e tivemos a presença do Pe. Jonas conosco no mesmo programa.
Muitos nos assistiram através de parabólica, retransmissoras locais e sistemas de TV por assinatura. Houve dezenas de ligações telefônicas, evidenciando a audiência em várias partes do Brasil. Eu me lembro de pessoas ligando de Cuiabá, Brasília, Pato Branco, Lorena, Caratinga, São Paulo etc.
O Pe. Léo sempre dispensou comentários elogiosos. Na minha opinião, era o Faustão da Canção Nova – no sentido de alavancar audiências. Suas histórias, descontração e espiritualidade divertiam e comoviam muita gente. Uma história contada naquele dia foi esta:
Certa época, quando ganhava projeção como autor de livros, ele recebeu um telefonema solicitando que enviasse a sua biografia para fazer parte de alguma obra importante que não me recordo mais. Disse-nos que passou a escrever coisas maravilhosas a seu respeito, até completar seis páginas. Esgotando suas lembranças, foi até o Santíssimo pedir inspiração para escrever mais. Lá, teve uma visão…
Ao lado de sua casa de infância, no Biguá, viu seu pai trabalhando, animais pastando e um monte de estrume no chão. Assim que a imagem que lhe veio à mente se aproximou do estrume fresco, Deus lhe disse: ‘Eis você aí’.
Aquilo o deixou chocado por alguns dias, sem entender o significado. Passou a rezar, pedindo discernimento do ocorrido, até que voltou a ver novas imagens. O lugar era o mesmo, mas o estrume já estava seco. Seu pai, então, se aproximou, o pegou com uma pá e o transportou até o terreno ao lado.
Chegando ao local, uma mão o esfarelou e passou a jogá-lo sobre a plantação quase morta, precisando de vida nova. Naquele momento, novamente Deus lhe falou: ‘É melhor ser estrume em minhas mãos do que ser ouro nas mãos do diabo’.
No programa, aplaudimos estas palavras do Senhor e espero que elas sirvam para nortear as nossas vidas, como serviram ao Pe. Léo até o dia de sua morte. Nós, filhos de Nossa Senhora, não podemos deixar de vigiar e orar, pois a caridade e a oração são forças inseparáveis que unem os cristãos.
Acredito que o nosso querido sacerdote esteja agradecendo e abençoando a todos que rezaram por ele. Que Jesus, Maria e José continuem sempre nos nossos corações para encontrarmos o grande comunicador da Palavra de Deus no Céu.
Eu quase me despedi deste mundo algumas vezes e continuo vivo; outros, esbanjando saúde, partiram cedo. A vida é assim mesmo: como Deus quer, ou como Deus permite, ou como merecemos, sei lá!
Parabéns pelas suas obras cristãs, Pe. Léo. Muito mais que o estrume do seu sonho, agora o senhor é um presente de ouro que oferecemos ao Senhor.