No Brasil, assim como em grande parte do mundo, temos observado o uso de forma abusiva de suplementos alimentares como coadjuvantes na melhora do desempenho atlético e estético. Entende-se aqui o uso desses suplementos como substâncias ergogênicas, ou seja, artifícios adotados para melhorar a performance. Esse tipo de conduta tem crescido de forma desordenada em ambientes destinados a prática de exercício físico com tendência generalizada em algumas academias.
A contribuição mais enfática para essa realidade é a propaganda em massa que promete soluções rápidas e duradouras induzindo, dessa forma, o uso indiscriminado de tais produtos.
A falta de conhecimento de muitos usuários e até mesmo a desatenção por parte dos profissionais de saúde, principalmente de alguns instrutores, em relação à importância de uma alimentação equilibrada contribui para que esse quadro persista.
A suplementação alimentar ainda não é vista de maneira consensual entre profissionais, treinadores, atletas, desportistas e principalmente no meio científico, o que reforça a amplitude das discussões e as controvérsias existentes acerca do uso de substâncias ergogênicas para potencializar o desempenho esportivo.
Sabemos que os micronutrientes englobam as vitaminas, minerais e oligoelementos e são indispensáveis na formação e proteção dos tecidos corporais, participando diretamente de todas as reações químicas do nosso corpo. Presume-se, dessa forma, que são substâncias indispensáveis para o correto funcionamento corporal e são extraídos de dietas balanceadas e diversificadas.
A indicação suplementar de micronutrientes deve obedecer a situações específicas, como, por exemplo, uma anamnese alimentar muito bem elaborada, uma criteriosa avaliação clínica e, se necessário, uma análise bioquímica como meio de complementar o diagnóstico e avaliar as reais necessidades de se suplementar ou não determinado indivíduo.
Após a execução desses passos, deve-se seguir orientações como as da Associação Dietética Americana (ADA), que preconiza a suplementação em algumas situações específicas, como o uso do cálcio na presença de osteoporose e osteopenia e a suplementação de ferro na presença de anemia ferropriva). Em atletas e desportistas, precisa-se observar ainda a eliminação de peso, bem como o prejuízo no rendimento nos treinos diários. Os atletas devem receber uma atenção especial por parte de uma equipe multidisciplinar, pois comumente apresentam um maior desgaste, variando muito em relação à modalidade praticada, à intensidade no treinamento e ao período competitivo.
O que precisamos diante de tal situação é buscar alternativas coerentes e não transformar a prática de exercícios físicos em acirradas disputas, em que a ética e a competição salutar não serão respeitadas.
A solução provavelmente mais sensata frente a todas as afirmativas seja aumentar a fiscalização sobre a comercialização desses produtos, disseminar o conhecimento como forma de coibir o uso desnecessário dos suplementos e investir em pesquisas que elucidem o potencial contemporâneo dos micronutrientes.
Artigo escrito pelo professor do curso de Educação Física do Universitas Fábio Vieira Lacerda que ministra a disciplina de Noções de Nutrição. O professor é graduado em Nutrição (UNIVERSITAS, 2003), Especialista em Nutrição Humana e Saúde (UFLA, 2005), Ciências Biológicas (UFOP, 2006) e Docência do Ensino Superior (UNIVERSITAS, 2005) e Mestre em Engenharia Biomédica (UNIVAP, 2009).