A previsão inicial do governo federal era que o auxílio emergencial injetaria R$ 5 bilhões por mês na economia, ou seja, cerca de R$ 15 bilhões no período estimado. Mesmo antes mesmo do pagamento da segunda parcela do auxílio, a Caixa informou que já liberou um volume de recursos que se aproxima dos R$ 24 bilhões. Beneficiando, com isso, mais de 33 milhões de pessoas.
Para suportar a tamanha demanda pelo auxílio, o governo está preparando uma medida provisória (MP) que deve liberar mais R$ 25,7 bilhões. Com isso, o gasto total estimado deve chegar aos R$ 124 bilhões. Mesmo com essas cifras bilionárias, a economia do país sairá ilesa?
Não há uma resposta assertiva para essa pergunta. Considerando o posicionamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial deverá sofrer uma retração da ordem de 3% por causa do impacto provado pela pandemia da Covid-19. De acordo com o FMI, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve diminuir em torno de 5%. Essa realidade de redução do PIB brasileiro também é compartilhada pelo Banco Central do Brasil, que já aponta para uma redução de 2,96% no indicador.
Como o próprio FMI afirmou, “A evolução dependerá das mudanças de comportamento dos consumidores, do drástico ajuste dos mercados financeiros, das perdas de produtividade, da confiança dos consumidores e a extrema volatidade dos preços das matérias primas”. Ou seja, com essa afirmação, o FMI deixa explícito a incerteza em que a economia internacional está imersa. O que não é nada diferente da economia brasileira.
Os programas de auxílio que o executivo e legislativo nacional têm divulgado, quer seja para pessoas físicas, quer seja para pessoas jurídicas, possuem o objetivo de manter estável a economia nacional, nesse momento em que o isolamento social atinge diretamente a renda da população e a receita das empresas. Entretanto, como o próprio FMI afirmou, não há garantias que essas medidas consigam sustentar a economia.
O que se pode afirmar, sem sombra de dúvidas, é que esse momento de turbulência provocará impactos na vida financeira de todos. O que ainda não se pode mensurar é a severidade desse impacto. Dessa forma, financeiramente, é necessário estar preparado para o pior cenário.
Para aqueles que têm condições, a recomendação, nesse momento, é gastar dinheiro apenas com o essencial. Eliminar o consumo de itens “supérfluos” é uma forma de manter dinheiro em caixa.
É exatamente isso que os agentes do mercado financeiro estão fazendo nesse momento. Em momentos de crise, os investidores (agendes do mercado) vendem os ativos financeiros (revertem suas posições), para ter maior liquidez, ou seja, para ter dinheiro na mão. Esse movimento generalizado de venda dos ativos financeiros faz com que as Bolsas de Valores registrem queda nos seus índices. Apenas para ilustrar essa situação, o principal índice da bolsa brasileira, o IBOVESPA, registrou no primeiro trimestre de 2020, uma queda de 36,86%.
Portanto, não se pode afirmar que o auxílio emergencial ou qualquer outro programa de auxílio proposto salvará a nossa economia. O que se pode afirmar é que, sem esses programas, o impacto negativo dessa crise na economia nacional poderá ser muito maior.
Até o nosso próximo painel de educação financeira.
Referências:
O GLOBO Economia; Governo deve liberar mais R$ 25 bi para auxílio emergencial – disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/governo-deve-liberar-mais-25-bi-para-auxilio-emergencial-1-24389853
UOL Economia; FMI prevê retração de 3% da economia mundial em 2020 por causa da Covid-19 – disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/efe/2020/04/14/fmi-preve-retracao-de-3-da-economia-mundial-em-2020-por-causa-da-covid-19.htm
G1 Economia; Bovespa fecha em queda após pior mês em mais de 20 anos – disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/04/01/bovespa.ghtml