Este cometa foi descoberto em 23 de setembro de 2017 pelo telescópio PANSTARRS, no Havaí. A missão deste telescópio é detectar asteroides próximos da Terra que possam significar ameaça para nosso planeta. Dizem que este cometa parece ser uma verdadeira explosão de brilho que deverá fazer uma aproximação máxima com o Sol, mais do que o planeta Mercúrio. O astrônomo amador austríaco Michael Jäger registrou a viagem do cometa que tem uma atmosfera de 260.000 km de diâmetro, quase o dobro do diâmetro do planeta Júpiter. Ele vem se aproximando do Sol rapidamente e ninguém sabe o que poderá acontecer. Existe uma chance de esse planeta ser visto a olho nu, porém mais na região norte e nordeste ou talvez ninguém veja nada se tudo explodir.
Bom, mas e daí? Gente, pode ser o fim, sim senhor. Afinal, é um planeta que nunca saiu da casa dele, lá na fria e longínqua Nuvem de Oort, uma comunidade repleta de cometas. De repente ele resolve fazer um giro pelo nosso Sistema Solar, e vem que vem,à toda. Se for para destruir nossa velha e querida Terra, que seja. Prefiro assim do que pelas bombas com explosões nucleares tão ameaçadoras.
Pode ser que sua passagem tão rente ao sol faça apenas algumas mudanças na Terra, suposições poéticas da cronista que escreve este texto porque não tenho nem terei nenhum conhecimento ou embasamento geológico, físico, astronômico ou de qualquer área deste tipo. Mas suponhamos que depois de um intenso clarão, o Brasil seja dividido em dois ou três, que Minas se desprenda do Brasil e que finalmente tenha seu mar e vá sem rumo ao sabor das ondas do Atlântico, parodiando Saramago em “A jangada de pedra”. Talvez o Irã vá parar nas portas da Casa Branca ou a Síria no coração da Europa.
Mas de repente este cometa pode ser apenas um planeta pacífico e lindo de morrer que cansado da vida monótona da Nuvem de Oort, queiradar uma volta e se mostrar magnificamente pra nós explodindo em brilhos nunca vistos por aqui. Que lindo!
Não posso falar nessas aparições de cometas que me emociono com a história de meu avô, pai de minha mãe, um homem simples da roça que nem cheguei a conhecer. Minha mãe dizia que se ele tivesse podido estudar,teria sido cientista e astrônomo porque ele tinha fascinação pelo céu. Vivia olhando as estrelas, sabia os nomes e gostava de ler a respeito. Pessoalmente, acho que ele estava mais para um poeta. Então, em maio de 1910, o cometa Halley foi visto absolutamente em toda a sua majestade. Meu avô que sabia de tudo, que lia jornal e ouvia rádio, dirigiu-se para o alto de um monte e lá ficou na hora marcada de olho no céu, sozinhinho, ao entardecer. Depois que a bola cheia de brilho e fogo passou girando perfeitamente visível a olho nu, palavras dele, meu avô voltou para casa pisando no ar, mais fascinado que Moisés quando recebeu as Tábuas da Lei. Parecia até que o cometa tinha borrifado vapor d’água que brilhava na cauda bem direto no rosto dele, tamanho o brilho que trazia na cara ao falar sobre o cometa.
E não é que eu, lendo “A duração do dia” de Adelia Prado, dou com uma frase que ela colocou para ilustrar dois poemas seus que falam da Via Láctea e de Esplendores: “Um resplandor na mata igual um dia” (Velha mulher falando de quando viu o cometa de Halley). Tal como meu avô, esta mulher ficou estupefata ao ver a tal bola cheia de brilho e fogo. Eram pessoas simples do campo, mas de olho no céu de onde vêm e veem coisas incríveis.
Pois que venha C/2017 S3 PANSTARRS. Seja bem-vindo! Mas que venha cheio e brilho e de paz que por aqui estamos precisando disso demais da conta. Também venha nos saciar com sua rara beleza e espantosos resplendores porque este universo é bonito demais para caber em nossa vida tão pequena com sonhos tão grandes. Mas que seria legal Minas sair pelo mar afora, ah isso seria!