Um amigo me enviou esta história:
“Meu avô com noventa e tantos anos, estava sentado no banco do jardim olhando suas mãos. Sentei-me ao seu lado e lhe perguntei se estava bem. Ele levantou a cabeça e sorriu:
– Estou bem, obrigado – disse em voz suave. – Alguma vez, querido, você já olhou suas mãos?
Lentamente as abri e contemplei. Virei as palmas para cima e para baixo, fiquei sem palavras e não sabia exatamente o motivo da pergunta. Então, meu avô explicou:
– Pense um momento sobre como suas mãos têm lhe servido através dos anos. As minhas, hoje enrugadas, secas e débeis, têm sido ferramentas que usei toda a minha vida para pegar e abraçar. Elas puseram comida em minha boca e roupa em meu corpo. Quando criança, minha mãe me ensinou a juntá-las em oração. Estiveram sujas, esfoladas, ásperas e dobradas. Mostraram-se inábeis quando tentei embalar minha filha recém nascida; decoradas com uma aliança, revelaram ao mundo que eu amava alguém muito especial.
Comecei a entender que aquela conversa reservava momentos de muita emoção e resolvi prestar mais atenção quando meu avô continuou:
– Elas tremeram ao enterrar meus pais, minha esposa, e suaram quando entrei na igreja com minha filha no dia de seu casamento. Estas mãos têm penteado meu cabelo, lavado todo meu corpo e, até hoje, quando quase nada em mim funciona bem, estas mãos me ajudam a levantar, a sentar e ainda se juntam para rezar. Elas são as marcas de onde estive e, o mais importante, são estas mãos que Deus tomará nas Suas quando me levar à sua presença.
Desde então, nunca mais vi minhas mãos da mesma maneira, e lembro perfeitamente quando Jesus esticou Suas mãos, tomou as de meu avô e o levou. Agora, sempre que uso as mãos penso em meu querido avô. Jamais esquecerei que, na verdade, nossas mãos são uma benção!”
Pois é, sem medo de errar, posso afirmar que as mãos do nosso tempo não são como as de antigamente. Quando criança, ladrões só apareciam de vez em quando e nossa única preocupação em relação à segurança era a de que os ‘lanterninhas dos cinemas’ nos expulsassem pelas batidas de pés nas matinês de domingo. Mães, pais, professores, avós, tios e vizinhos eram autoridades presumidas, dignas de respeito e consideração. Confiávamos plenamente nos adultos.
Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror. Hoje, dá tristeza por tudo que perdemos, por tudo que meus netos um dia temerão, pelo medo no olhar de crianças, jovens e velhos. Matar os pais, os avós, sequestrar, roubar, passar a perna, tudo virou banalidade de notícias policiais, logo esquecidas após o primeiro intervalo comercial.
Dizem abertamente que não levar vantagem é ser otário e pagar dívidas em dia é bancar o bobo. Há milhares de ladrões nas esquinas das cidades grandes, assassinos com cara de anjo no interior, pedófilos de cabelos brancos sorrindo como se nada de grave estivesse acontecendo! O que há conosco? Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas, recém-nascidos morrendo de fome! Que valores são esses?
Os carros valem mais que abraços, celulares coloridos são encontrados nas mochilas dos recém-saídos das fraldas, TV ligadas o dia todo, DVDs com filmes pornográficos, vídeos-game de matança… O que mais virá em troca de um abraço? Mais vale um baseado do que um sorvete, mais valem dois reais do que um sorriso!
Fico pensativo quando leio isto nos blogs:
“Quando foi que o que existia de bom sumiu ou virou ridículo? Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho? Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado, sem sentir medo? Quando me fechei ou me fecharam? Posso querer de volta a minha dignidade, a minha paz? Tenho o direito de sentar na calçada e ficar com a porta aberta nas noites de verão? Quero a vergonha e a solidariedade de volta à minha vida! Abaixo o ‘ter’! Viva o ‘ser’!”
Bem, se você e eu fizermos nossa parte bem-feita e contaminarmos mais pessoas, muita coisa poderá melhorar. Temos que rezar para Nossa Senhora abençoar as palavras que ouvi um dia do professor Renato Nunes, Reitor da UNIFEI, ditas no encerramento da nossa festa ‘Natal no Campus’: “Seria pedir demais, a cada um de nós, que transforme os dias futuros num permanente Natal? Seria pedir demais?”
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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