O menino ia muito bem, mas, após três meses de treinamento, o professor havia lhe ensinado apenas um movimento. O garoto, então, perguntou-lhe: ‘Mestre, não devo aprender mais golpes?’ O japonês lhe respondeu com convicção: ‘Este é realmente o único movimento que você sabe, mas também é o único que você precisará saber.’ Sem entender completamente mas acreditando em seu mestre, o aprendiz continuou treinando.
Meses mais tarde, o velho inscreveu o aluno em seu primeiro torneio e, para a surpresa de todos, o menino ganhou facilmente seus primeiros dois combates. A terceira luta prometia ser a mais difícil, mas, depois de algum tempo, o adversário tornou-se impaciente e agitado. Foi quando o menino usou seu único movimento para ganhar mais uma etapa da competição.
Espantado pelo sucesso alcançado, o garoto de um só braço estava agora nas finais do torneio. Dessa vez, seu oponente era bem maior, mais forte e mais experiente. Preocupado com a possibilidade do menino se machucar, cogitaram em cancelar a decisão, porém, o mestre interveio: ‘De forma alguma! Deixe-o continuar.’
Usando os ensinamentos do professor, o dedicado aluno entrou para lutar e, quando teve oportunidade, usou seu golpe para prender o adversário. E, assim, o menino ganhou o torneio. Foi o grande campeão!
Mais tarde, na academia, o garoto e o mestre viram em vídeo cada movimento das lutas. Então, o aluno criou coragem para perguntar aquilo que estava há muito tempo em sua mente: ‘Mestre, como eu consegui ganhar o torneio sabendo somente um movimento?’
‘Você ganhou por duas razões – respondeu o mestre. Em primeiro lugar, você dominou um dos golpes mais difíceis do judô e, em segundo, a única defesa possível para esse movimento seria o seu oponente agarrar o seu braço esquerdo.’
Portanto, a maior fraqueza do menino tinha se transformado em sua maior força. E nós também podemos usar as nossas fraquezas a nosso favor; para isso, são necessários: humildade, oração e determinação na missão.
Por exemplo, os vicentinos se reúnem nas Conferências para rezar e discutir as ações necessárias na prática da caridade; nessas reuniões, muitos problemas são apresentados e, para minimizá-los, a espiritualidade cristã de cada um é de fundamental importância para superar toda espécie de fraqueza humana.
E quando falamos em espiritualidade – a nossa maneira de seguir Jesus Cristo -, sabemos que sempre precisamos melhorar. Assim como o garoto da história treinou judô por muito tempo para vencer seus combates, os vicentinos, por exemplo, também precisam aprofundamento espiritual para praticar a caridade. Por isso temos a ECAFO – Escola de Caridade Antônio Frederico Ozanam, da Sociedade São Vicente de Paulo.
Felizmente, muitos aceitam as limitações próprias e estão participando de formação e atualização permanentes, aprendendo: a cumprir melhor suas missões; a melhor desenvolver lideranças; a julgar melhor os irmãos sob a luz da fé; a se aperfeiçoar pela oração/ação através dos exemplos deixados por pessoas iluminadas na Terra.
Jesus, antes de morrer e ressuscitar, formou pessoas para continuar sua obra: instruiu os doze apóstolos em tempo integral, segundo a condição e o talento de cada um. Imite o Mestre: use os seus dois braços para desferir um grande golpe na pobreza e se tornar vencedor(a) para Jesus Cristo. Com certeza, Ele há de lhe recompensar.
Prof. Dr. Paulo Roberto Labegalini é engenheiro graduado pela Faculdade de Engenharia Civil de Itajubá, especializado em Matemática Superior pela Faculdade de Filosofia e Letras de Itajubá, mestre em Ciências pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá e doutor em Qualidade pela Escola Politécnica da USP.
É autor de 7 livros e mais de 100 artigos publicados nas áreas de gerência geral, qualidade e educação; professor do Instituto Federal Sul de Minas em Pouso Alegre; e vicentino na Comunidade Nossa Senhora do Sagrado Coração em Itajubá. Confira sua coluna “Mensagens para o Coração“.