Um aparente paradoxo entre globalização e variáveis locais parece guiar o debate moderno sobre as causas e os fatores determinantes do desenvolvimento, bem como da inserção das economias locais ou nacionais nos mercados e nos blocos supranacionais. Por um lado, a globalização configurada em fatores como a padronização dos processos produtivos, os fluxos financeiros internacionais e a presença das companhias multinacionais, aponta para o entendimento de que o papel das chamadas “economias nacionais” possui menor peso no cômputo geral das variáveis de importância para a análise do desenvolvimento, da competitividade e da inserção em mercados internacionais. No entanto, de outro lado, tem-se a explicação (não recente) de que as variáveis locais (nacionais, por exemplo), que englobam: a cultura, as tradições, o conhecimento específico, a infra-estrutura tecnológica, os fluxos sociais internos, dentre outras, são essenciais para explicar o crescimento e a competitividade de cada região ou país.
A importância de tais variáveis locais deriva, fundamentalmente, das cadeias de relações que são necessárias à inovação. Ainda que as conexões internacionais (e a globalização) tenham importância, a influência dos “sistemas locais e nacionais” de ensino, de relações industriais, institucionais, políticos, governamentais e culturais são tão (e na maioria das vezes) mais relevantes.
À primeira vista, as atividades das grandes corporações multinacionais parecem oferecer uma “força à competitividade internacional” dada a diversidade de locais em que estão presentes. As maiores corporações no mundo, independente de onde estão localizadas suas matrizes – nos Estados Unidos, no Japão ou em outro lugar -, tem investido em muitas localidades diferentes. Porém, até a atualidade (início do século XXI), a maior parte desse investimento está presentes, apenas, dentro da área das maiores economias do mundo. Logo, esse fenômeno poderia ser descrito mais como “localização” do que como “globalização”.
A proximidade geográfica e cultural entre os usuários e uma cadeia institucionalizada de relações entre os produtores é uma fonte importante de diversidade e de vantagem competitiva, como o é a disponibilidade local de habilidades administrativas, técnicas e o conhecimento tácito acumulado. Quando ocorrem as “inovações radicais” a importância da variedade institucional e do aprendizado local é ainda maior.
Assim é essencial enfatizar a interdependência entre o progresso econômico com os arranjos institucionais locais. Logo, é importante que os habitantes locais percebam que as políticas autóctones confrontam a necessidade para a solução de um problema dual: a difusão de tecnologias genéricas padronizadas é certamente importante e estas, às vezes, podem requerer investimento interno e transferência de tecnologia; porém, são também importantes políticas para encorajar a diversidade e a originalidade local.
Valorizar as raízes locais é uma ação relevante para o desenvolvimento econômico de uma região ou país. Como já escreveu o grande ícone universal Tolstoi: “se queres ser universal, comece por pintar a tua aldeia”.
Referências: