Sabemos que muitas políticas públicas visam consolidar os direitos de toda a população, quer sejam educacionais, econômicos, sociais ou políticos. Quando isso acontecer, esperamos que os conflitos não se resolvam mais pela violência; mas, se a liberdade, a igualdade e a fraternidade são defendidas por todos, por que ainda há tantas exclusões sociais no mundo?
Acredito que a liberdade e a igualdade avançaram muito nas conquistas de direitos humanos ultimamente, mas a fraternidade ainda padece. Tenho visto grupos religiosos defendendo e praticando a fraternidade, mas, fora disso, pouco se faz. O desafio de levar o pão e a Palavra de Deus às pessoas é privilégio da minoria na nossa sociedade.
A dignidade do ser humano deveria ser levada mais a sério e encarada, de fato, como a principal responsabilidade nas ações de cada cristão, porque, sem fraternidade – no sentido de amor ao próximo -, as portas do Céu poderão estar fechadas após a morte. Infelizmente, há pessoas que só pensam em aproveitar a vida e não se importam com seus destinos na eternidade. Assim como eu, penso que todos foram avisados de que a salvação da alma acontece aqui na Terra; depois, se tivermos pecados graves acumulados em vida, o castigo poderá ser cruel.
Mas, será que a condenação do ser humano está nos planos de Deus? Ele planejou: os astros não se chocarem, o coração humano bombear sangue para gerar vida; o morcego, mesmo cego, ser guiado por radar; a água circular na Terra de maneira perfeita; o ar atmosférico ser composto por vários gases, e cada um com sua função; a natureza, por si só, permanecer em harmonia; enfim, se Deus fez tudo com impressionante sabedoria, não iria querer que seus filhos se perdessem em pecados, concorda?
Ele poderia ter criado uma só flor, um só tipo de fruto, uma só estrela, um único som e apenas um animal. Já pensou como seria chato ver o mesmo passarinho cantando a mesma música em cima da mesma rosa enquanto comêssemos o mesmo abacate? E mais: sempre de dia, se a noite não existisse. Mas, graças à generosidade de Nosso Senhor, o homem pode desfrutar infinitas diversidades no mundo para o seu bem estar. Deus desenvolveu um Plano de Amor!
E com tudo que está ao nosso alcance, a felicidade pode ser conquistada a cada dia por diferentes caminhos. Na Bíblia, encontramos muitas experiências de salvação daqueles que confiaram na Família Divina: Pai, Filho e Espírito Santo. Entenderam que o Plano de Deus consiste em criar alguém em condições de receber a vida eterna. E Jesus Cristo testemunhou o quanto somos abençoados: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10).
Quando Deus libertou o povo hebreu da escravidão do Egito, concedeu libertação a toda a humanidade. Quando Jesus ofereceu o seu corpo e o seu sangue – mudando o sentido da Páscoa judaica -, resgatou nossa salvação por meio do amor-doação. Hoje, através dos sacramentos, nos tornamos herdeiros da graça do Pai – vivendo a Eucaristia, damos continuidade ao processo de libertação.
Porém, como eu disse, há aqueles que preferem romper com o Plano de Deus porque acreditam mais no poder da força do que na força do amor; procuram mais dinheiro do que o tesouro do Reino; preferem o status ao invés da solidariedade. São pobres de espírito por insistirem em não entender que a riqueza de poucos e a pobreza de muitos não faz parte da criação do Universo; bem como não são da vontade de Deus os vícios, as bombas, o aborto, o divórcio, as crianças e os velhos abandonados.
Então, o que o Criador quer de nós? Com certeza, deseja que sejamos todos irmãos e cuidemos melhor uns dos outros. Independente de classes sociais ou níveis intelectuais, temos que nos unir para um mundo melhor. Isso pode e deve começar em casa, na família.
No capítulo 6 do Evangelho de São Mateus, temos uma orientação de Jesus Cristo para a nossa vida espiritual: “Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lhe pedirdes. Rezai, pois, assim: ‘Pai nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino; faça-se a tua vontade…’ Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas”.
Assim como dizemos ‘Pai nosso’ porque Ele é o Pai dos que têm fé, também chamamos a Cristo de ‘nosso Pão’ porque Ele é o alimento dos que comungam o Pão Vivo que desceu do Céu. Comendo desse Pão, estaremos aceitando o Plano de Deus para vivermos eternamente em Seu amor.