Um senhor de idade foi morar com o filho, a nora e o netinho de cinco anos. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. Na hora de comer, as ervilhas rolavam, caíam da colher e, quando pegava no copo, derramava leite na toalha da mesa. Sempre o filho e a nora irritavam-se com a bagunça: ‘Precisamos tomar uma providência!’
Então, decidiram colocar uma mesinha no canto da cozinha para o avô comer sozinho, enquanto o restante da família fazia as refeições na mesa do centro. E desde que o velho quebrou dois pratos, sua comida só era servida numa tigela de madeira. O netinho sempre via algumas lágrimas em seus olhos e ficava triste também.
Numa noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão manuseando pedaços de madeira e perguntou: ‘O que você está fazendo, menino?’ O filho respondeu: ‘Tigelas para você e mamãe comerem quando eu crescer’. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. E embora não tivessem respondido, sabiam o que precisava ser feito.
Imediatamente, o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente o conduziu à mesa de jantar. Dali pra frente, ele comeu todas as refeições com a sua família, que não se importava mais quando um garfo caía, ou o leite era derramado, ou a toalha ficava suja. Aprenderam que se não dessem amor ao velho, iriam se arrepender amargamente um dia.
E nós, será que já vivemos o suficiente para aprendermos que a vida nem sempre nos dá uma segunda chance para amar? Será que aprendemos que amar é dar o melhor que temos a quem mais precisa? Será que sabemos que as pessoas que mais nos amam são aquelas que já experimentaram o nosso amor? Será que praticamos o amor sincero e fraterno que Jesus nos ensinou?
‘O que é o amor’ foi tema de uma pesquisa feita por profissionais da educação e psicologia a um grupo de crianças entre quatro e oito anos. Eis algumas respostas:
“Amor é quando alguém te magoa e você, mesmo muito magoada, não grita, porque sabe que isso fere outros sentimentos. / Eu sei que minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as suas roupas velhas e tem que sair para comprar outras! / Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo se conhecendo há muito tempo. / Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela. / Amor é quando a minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes para ter certeza que está do gosto dele.”
Outras respostas: “Se você quer aprender a amar melhor, deve começar com um amigo que você não gosta. / Há dois tipos de amor: o nosso e o amor de Deus; mas o amor de Deus junta os dois! / Amor é quando a mamãe vê o papai suado e mal cheiroso e ainda fala que ele é mais bonito do que o Leonardo di Caprio. / Amor é quando você fala para um garoto que a camisa dele é linda e ele a veste todo dia. / Amor é quando o seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você o deixa sozinho o dia inteiro. / Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem da cruz, mas ele não disse. Isso é que é amor!”
É, falar de amor é fácil, mas amar de verdade a todos não é para qualquer um. Se nos amássemos como irmãos em Cristo, quanta coisa seria diferente, não? Os pobres teriam alimentos para não passarem fome, os ricos não se preocupariam tanto em aumentar a fortuna, os rancorosos perdoariam, os generosos seriam mais compreendidos, enfim, todos se encontrariam um dia no Céu. Que pena que não é tão simples como Jesus ensinou!
Mas, nada está perdido. Temos que manter o otimismo cristão e acreditar na salvação de todos que buscam a Deus. Por isso é que eu vivo escrevendo e falando de amor ao próximo, pois só assim teremos a certeza que estamos no caminho certo.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).