Quando eu era um moleque gostava de assistir filmes de “caubói” ou “faroeste” por causa dos cavalos. Gostava de ver os cavalos dos filmes galopando e levantando poeira. Meus prediletos eram aqueles que tinham manadas de cavalos selvagens que eram caçados pelos vaqueiros ou pelos índios e domados em currais redondos . As histórias que mais me emocionavam eram aquelas em que o cavalo selvagem era o protagonista. Ele nascia nas pradarias e vivia livre com a manada até que era capturado e se rebela, então, passa a viver um drama, levado a situações de perigo e humilhação até conseguir ser resgatado por um bom “caubói” que recupera seu orgulho, vive aventuras inesquecíveis e depois de muitas aventuras , o solta nos campos para ser livre novamente . Uma metáfora interessante relacionada a vida de muitas pessoas, primeiro a perseguição o cativeiro, a humilhação, os trabalhos forçados e depois amizade, respeito e liberdade. A liberdade e a aventura me fascinavam e meu sonho era conviver com cavalos, ser livre e aventureiro como eles, galopar pelos campos e levantar poeira pelos caminhos. Persegui meu sonho e depois de passar por muitos caminhos posso dizer que estou conseguindo atingi-lo. Posso me sentir exatamente como um cavalo, pensar como um cavalo e me interajo com eles muito bem. Porem deva dizer que tive de estudar muito para perceber isto porque tinha um conhecimento empírico,eu vivia com os cavalos mais não os conhecia como realmente são, o que acontece com muita gente que vive com cavalos e mesmo assim, ainda não sabem interpreta-los. Nestes últimos anos muita coisa se descobriu sobre os cavalos com os avanços dos estudos da neurofisiologia e da biomecânica e agora podemos responder a muitas questões que nos intrigavam. O cavaleiro moderno precisa ter estes conhecimentos para aperfeiçoar a relação neurofisiológica na equitação para atingir altas performances ou por outro lado, se sentir bem se relacionando de forma natural com eles buscando o alto-conhecimento.
Outro dia ouvi a conversa de dois garotos, um de 12 e outro de 8 anos , ambos possuem cavalos e são alunos de equitação.eles estavam falando sobre seus sonhos, o que queriam ser quando crescessem. O sonho deles é se formarem em veterinária para cuidar de cavalos. Depois de formados, ter bons cavalos para ir atrás de cavalos selvagens pelo mundo afora buscando onde estivem para protege-los como os bons “caubóis”. Fiquei admirado em saber que eles assistem aos mesmos filmes de cavalos que eu assistia quando criança, agora, em novas versões . Eu me vi naqueles meninos e melhor ainda, pude ver que meu sonho continua com eles e nas cabeças de muitas crianças e que os cavalos sempre os terão como aliados e vice versa. A vantagem destes garotos é que eles sabem que para atingir este sonho terão que estudar muito e conviver com os cavalos sempre que puderem , o que fazem com imenso prazer. Sutilmente o cavalo vai mostrando para eles o caminho para a realização de seus sonhos.
Creio que na verdade existem vários sonhos dentro de um só e que eles sempre estão relacionados. Eu sonhava em montar cavalos e notei que dentro deste sonho existem muitos que estou realizando. Sempre sonhei também em ensinar pessoas sobre os cavalos, em ter um bom cavalo, em ser livre e aventureiro e assim percebi que nunca paro de sonhar. Cada vez que realizo um sonho sempre tem outro, pego o gancho de um e embarco em outro, sempre buscando realiza-los com paciência, amor pelo trabalho e dedicação, quesitos fundamentais para trabalhar com cavalos.
Pois é, o sonho continua. Ser um “caubói”, um Don Quixote, um El Cid, sempre esta presente nos sonhos de muitas pessoas em várias gerações. Não importa que objetivos temos para vida mais posso dizer que ter o cavalo como companheiro nesta jornada é muito gratificante.