Num pequeno país distante, existia um cidadão chamado Saul, que se julgava infeliz por ser pobre. Vivia se queixando da vida que levava, precisando trabalhar duro para dar um pouco de conforto à família. No mesmo lugar, morava um homem simples, muito sábio e admirado por todos. Aparentava paz de espírito por onde andava, sempre sorrindo e fazendo o bem sem escolher a quem.
Um dia, Saul descobriu que o sábio era portador de um grande diamante. Então, pensou: ‘Essa é a explicação da sua felicidade: disfarça ser pobre, mas, na verdade, é muito rico!’. E resolveu testar a bondade daquele homem, na intenção de desmascará-lo em público se não conseguisse o que pretendia.
Quando chegou à casa do sábio, encontrou-o colhendo verduras na horta e partiu logo para o ataque:
– Sei que o senhor se faz de miserável, mas possui um valioso diamante. Por que escondeu por tanto tempo isso da gente e nos fez pensar que pessoa como eu poderia alcançar a felicidade?
– Saul, meu amigo, a jóia que possuo foi confiada a mim quando meu avô morreu. Isso já faz trinta anos e nunca precisei desfazer dele para sobreviver e servir o próximo.
– Ah, é? Então quero ver se consegue ficar sem o tesouro. Já que é considerado um bom homem, por que não o dá a mim de presente?
– Sempre desejei fazer isso: entregá-lo a quem o desejasse muito e tivesse a coragem de pedi-lo a mim. Vou buscá-lo, ele é seu!
Surpreso com tamanha caridade, Saul saiu de lá saltando de alegria e se sentindo o homem mais rico do mundo; mas nem tudo foi maravilhoso como sonhou. Após se desfazer do diamante, largou o emprego, gastou o dinheiro e as dificuldades vieram em maior número. A cada nova derrota, mais lhe chateava saber que o sábio continuava feliz.
E Saul foi novamente ao seu encontro, mas agora com um pouco de humildade no coração:
– Perdoe-me importuná-lo novamente, mas preciso que me revele qual o seu verdadeiro tesouro. Sei que é muito maior do que aquele diamante que me deu. Pode também doá-lo a mim e me fazer um homem feliz?
– Infelizmente, isso eu não posso fazer, porém, quero que saiba que onde está o seu tesouro, sempre estará o seu coração. Valorize o que é belo, o que agrada a Deus, e será feliz.
Esta história eu ouvi na homilia de um sacerdote e gostei da mensagem porque parece que o mesmo fato já aconteceu com cada um de nós. Toda vez que desejamos mais paz em nossa vida, nos esquecemos que ela está dentro do coração!
Nosso coração fica tão atribulado com amenidades sem valor espiritual que não encontramos a própria felicidade escondida no peito. Mesmo quando Jesus nos fala, insistimos em não ouvi-Lo, como consta deste Evangelho:
“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”
Portanto, jovem, o tesouro que não se acaba está na prática cotidiana da caridade, está no perdão, na paciência, na oração, na humildade, na bondade, na sinceridade, enfim, no amor! Quem age assim, será cada vez mais abençoado e encontrará a felicidade eterna. Aqueles que constroem o Reino de Deus no mundo sabem bem do que estou falando.