Em certa ocasião, busquei ler o livro de um renomado físico. Queria conhecer que repercussões teria em sua vida a observação, o estudo e os experimentos sobre o universo, além de produzir suas brilhantes teorias.
Será que ele se deslumbrava ao estudar as estrelas no firmamento? Sentia inquietude espiritual diante da grandiosidade das galáxias e dos movimentos dos astros? Surgiam nele novas e mais profundas indagações acerca da própria vida humana no planeta? Teria despertados os anseios por uma humanidade mais consciente, unida e feliz?
Li o livro com muita expectativa, talvez buscando mais do que apenas o cientista e suas teorias. Eu procurava o ser humano que persegue conhecimentos extraordinários que o colocassem diante da Criação, de Deus, de si mesmo e dos demais. Mas não encontrei esse ser humano!
Nem posso dizer que me decepcionei, pois suponho que o autor simplesmente não expressou essas realidades em seu livro. Prefiro até pensar que foi isso o que aconteceu, pois olhar para o universo e não se comover, não ser levado a questionamentos que vão além do mundo físico, parece-me algo impossível!
Entendo que o uso exclusivo dos sentidos físicos limita a percepção às realidades físicas. Isso explica, por exemplo, por que a maior parte dos cientistas que investigam o universo se detém apenas nos aspectos físicos que o compõem, extraindo pouco da realidade metafísica desse mesmo universo.
A investigação, por se concentrar unicamente no plano físico e não relacionar a realidade universal com a própria vida, acabou deixando de extrair as lições que o universo tem a ensinar. Ficou sem captar o saber transcendente que o cosmos continuamente nos transmite, e que só podemos acessar quando passamos a viver simultaneamente no mundo físico e no metafísico!
Isso e muito mais é o que tenho comprovado com o auxílio da Logosofia, uma ciência que tem como um de seus grandes objetivos a realização do conhecimento de si mesmo. Essa ciência conduz a explorar novas realidades que interpenetram tudo o que existe, situando-nos como parte integrante do universo!
Dentre essas realidades, encontra-se o mundo metafísico que permeia as experiências cotidianas. Vejo-me nele sempre que direciono minha observação aos pensamentos, sejam eles internos ou externos, ao buscar o conhecimento presente em cada aspecto da vida diária. Encontro-me nesse mundo ao viver a vida interna, explorando o espaço que se expande dentro de mim e que revela a conexão entre a vida humana com a vida universal.
Essas reflexões fazem-me recordar um dos tantos fragmentos do dia. Estava prestes a começar uma reunião virtual. Preparei meu computador, organizei os materiais necessários e esperei o início. Enquanto aguardava, percebi que teria tempo para pegar uma xícara de café. Desci as escadas até a cozinha, preparei o café e, ao subir de volta, observei que pensamentos de desânimo e cansaço acompanhavam-me, junto com a sensação de que meus esforços eram em vão, convidando-me a desistir da reunião.
Surpreendi-me com o que estava observando em meu próprio ser! Dei-me conta de que algo acontecia no meu campo mental, abatendo meu estado interno. Imediatamente pensei: “não é isso o que quero para mim; não há sentido para me sentir assim; esse pensamento de desânimo não condiz com a experiência que quero viver daqui a instantes!”
Do último degrau até me acomodar novamente no computador, meu estado interno já era outro: sentia-me cheia de disposição para a atividade! “Que bom que me dei conta a tempo”, pensei, feliz comigo mesma. Ao estar atenta ao meu mundo interno, consegui bloquear a ação de um pensamento opositor e direcionar de forma diferente o que eu iria viver em seguida.
Enquanto finalizava a conexão para a reunião virtual, que já estava para começar, em um breve momento de reflexão, avaliei mais uma vez o quanto o conhecimento logosófico tem ajudado-me a viver a verdadeira vida — uma vida que se propaga também no mundo metafísico e nos alinha com o exemplo da atividade universal.
Não é sem razão que meu entusiasmo pelo estudo da Logosofia cresce a cada dia! Torna-se cada vez mais evidente que a ascenção no mundo metafísico — ou, em outras palavras, no mundo transcendente — requer percorrer um caminho que começa dentro de si mesmo. Ao trilhar esse caminho, descubro o sentido superior das experiências cotidianas e, ao mesmo tempo, consigo relacioná-las com as realidades presentes no universo.
Um pensamento de Maria Helena Abreu