– Venho aqui porque não tenho forças para fazer mais nada. Dizem que não realizo bem as tarefas, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar e conseguir que me valorizem mais?
– Sinto muito, meu jovem, mas agora não posso orientá-lo porque devo resolver com urgência um outro problema. Se quiser me ajudar, tento desocupar mais cedo e conversaremos sobre aquilo que lhe perturba.
– Claro, professor. O que preciso fazer?
– Pegue este meu anel com brilhantes, monte no cavalo e vá até o mercado. Venda-o pelo maior preço que conseguir para que eu possa pagar uma grande dívida, mas não aceite menos do que trinta moedas de outro, entendeu?
Mal chegou ao mercado e o rapaz percebeu que ninguém se interessava pelo anel. Uns riam e outros nem davam atenção quando ouviam a proposta de trinta moedas de ouro pelo objeto. Somente depois de oferecer a todos, ele voltou à sala do professor contando os fatos:
– Infelizmente é impossível conseguir o que me pediu. Tenho ofertas de moedas de prata e bronze, mas nenhuma de ouro porque dizem que não vale essa quantia!
– Bem, então, temos que ter certeza do valor do anel. Vá ao joalheiro e pergunte o quanto ele paga, mas não o venda agora, seja por quanto for.
Chegando à joalheria, o jovem acompanhou o profissional examinar com cuidado a joia: primeiro com uma lupa e depois com testes de reagentes e pesagem. Em seguida, veio a oferta:
– Embora valha 70 moedas, no momento só posso lhe pagar 60 se quiser vendê-lo com urgência.
– Moedas de prata ou de bronze?
– Não, eu estou falando de moedas de ouro!
O garoto, emocionado, foi correndo contar ao mestre o que ocorreu e, depois de explicar, ouviu do professor:
– Eu já sabia que isso iria acontecer e o fiz aprender mais uma lição. Lembre-se que você, meu jovem, é como este anel: uma joia valiosa e única! Poucas pessoas podem descobrir o seu verdadeiro valor, mas isso não o desvaloriza jamais.
E voltando a colocar o anel no dedo, completou:
– Você me convenceu a não desfazer do meu precioso objeto e espero tê-lo convencido a não desanimar ao ser julgado por pessoas que não conhecem o seu valor. Com humildade, prove a todos que tem muitas virtudes e a sua cotação irá subir no mercado.
Pois é, acho que algumas vezes já passamos por isso, não? Há fases na vida que precisamos de palavras amigas e muita oração para superarmos as dificuldades, mas tudo passa! Da mesma forma, quem se acha melhor do que os outros, um dia cai do pedestal – em vida ou após a morte. O ideal seria que pelo menos a autoconfiança nunca acabasse, permitindo que nos reerguêssemos com nossas próprias forças.
Isso é perfeitamente possível quando caminhamos com Jesus e Maria no coração. Eles nos impulsionam a não perdermos a esperança e até darmos força àqueles que mais precisam. E há pessoas que são carentes de algumas palavras apenas, o que se torna muito fácil de remediarmos quando nos comprometemos em ajudar o próximo.
Também é importante lembrar que da mesma maneira que gostamos de receber ajuda nas dificuldades, todos gostam, e uns precisam muito mais da nossa compaixão do que imaginamos, como neste próximo caso:
Um jovem disse ao abade do mosteiro:
– Eu gostaria de ser um monge, mas nada aprendi de importante na vida exceto jogar xadrez. Por ser uma bela e nobre diversão, quem sabe se este lugar não está precisando de mim?
O abade estranhou o pedido, mas pegou um tabuleiro, chamou um velho monge e solicitou que jogasse com o rapaz. Antes de começar a partida, porém, acrescentou:
– Embora precisemos de diversão, não podemos permitir que todos fiquem praticando xadrez. Então, teremos apenas o melhor dos jogadores aqui. Se nosso monge perder, ele sairá do mosteiro e abrirá uma vaga para você, meu jovem.
O abade falava sério e o rapaz sentiu que jogava sua própria vida. Começou a suar frio e a olhar para o tabuleiro como se fosse o centro do mundo! E, com muita habilidade nas jogadas, atacou o monge que, mesmo perdendo, não escondia seu olhar de santidade.
Vendo a serenidade do adversário, o rapaz começou a errar de propósito, afinal, não seria justo entrar para o mosteiro daquele jeito. De repente, o abade colocou o tabuleiro no chão, dizendo:
– Jovem, você aprendeu muito mais do que lhe ensinaram. Primeiro, concentrou-se para vencer e foi capaz de lutar pelo que desejava. Depois, teve disposição para sacrificar-se por uma nobre causa. Seja bem-vindo ao mosteiro, porque mostrou que sabe equilibrar a justiça com a misericórdia.
Portanto, leitor, em todo julgamento precisa haver justiça e em todo sofrimento precisa haver compaixão. Assim, cada um sempre terá o valor que merece e receberá a caridade que agrada a Deus.