Na demolição de uma tradicional mansão, seus herdeiros retiraram tudo o que lhes pareceu valioso, mas abandonaram algumas velhas peças de arte, porque ignoravam o imenso valor nelas contido. Descobriu-se depois que essas peças – sozinhas – valiam mais do que todo o patrimônio retirado.
O exemplo da mansão ressalta a realidade de que atribuímos valor às coisas segundo o nosso conhecimento e os nossos conceitos.
Como agimos, decidimos, pensamos, sentimos, vivemos e como reagimos aos fatos da nossa vida, tudo decorre dos conceitos que formamos, especialmente do conceito de vida. É uma relação de causa e feito. A direção da vida, a felicidade, os problemas, as alegrias e tristezas, as dificuldades e até as mais atrozes adversidades, tudo se altera de um ser para outro de acordo com o conceito que se tem da vida.
Não são exatamente os fatos ou as circunstâncias que afetam a nossa vida e causam sofrimento ou estresse, mas sim como são encarados pelos conceitos que estão na nossa mente, que compõem a nossa essência. Alterando os conceitos, também modificamos o efeito dos fatos que nos atingem.
Qual é o seu conceito de vida?
Já se perguntou isso?
Cumprir bem as etapas da escolaridade, progredir nos desafios profissionais, ter êxito no casamento e na criação dos filhos e alcançar uma vida social, econômica e financeira estabilizada, esses são aspectos importantes que também podem compor o nosso conceito de vida.
Mas é só isso? Claro que não!
Vejo as pessoas restringindo a luta pela vida apenas à busca de tais realizações, mas isso não corresponde à verdadeira razão de termos recebido a vida. Tenho motivos para assegurar que a vida vivida nesse reduzido horizonte, cedo ou tarde, acusará um enorme vazio.
Tenho presenciado algumas pessoas dizerem sinceramente que gostariam de adquirir um conceito bem formado de vida. Esse conceito deve revelar a vida como a maior de todas as oportunidades: a de superação. A vida é uma etapa da existência, porque esta envolve várias vidas. É preciso transformar esse conhecimento em resultados práticos.
Temos a posse temporária da vida em nossas idas e vindas a este planeta, mas precisamos dela extrair a essência que transformará essa posse temporária num bem eterno.
Se nós agimos de acordo com os conceitos que trazemos na mente, a nossa forma de viver será o resultado exato do conceito que temos da vida. Só o fato de saber que a vida é uma notável oportunidade de auto-aperfeiçoamento, e que ela é parte de algo muito maior chamado existência, já me permite mudar a atitude em relação à vida e experimentar um estado de serenidade e valentia diante das adversidades e dos desafios diários.
Essas realidades não são apenas os cabelos brancos que haverão de ensinar. É preciso um novo nível de consciência.
Quando recebemos o passaporte para virmos ao mundo, adquirimos um veículo psicológico que nos incita, desafia e pede diariamente para ser guiado. Se não formamos um consistente conceito de vida sofreremos todos os efeitos semelhantes a um veículo sem direção.
Uma vez criados, os conceitos passam a iluminar, presidir e dirigir a nossa vida, porque formam a essência interna na qual podemos confiar. Um grande segredo para o êxito individual é saber que, quando não criamos nossos próprios conceitos, atuamos com agentes mentais deformados e impróprios, que podemos chamar de preconceitos.
Os preconceitos – que são aglomerados de idéias vagas, incompletas, não pensadas e estranhas – também determinam o que falamos, deixamos de falar e o que fazemos. Eles causam os mais graves equívocos da atitude humana, que raramente podemos voltar no tempo para alterar os seus efeitos.
O arrependimento é, quase sempre, o resíduo de uma decisão que não foi aconselhada pelos verdadeiros conceitos, que são criados com o calor e a luz da nossa consciência.