Na última “Veja” li diversos comentários de diversas mulheres de profissões e idades diversas. Entretanto, sabemos que existe um abismo imenso entre o que se pensa e o que se diz, assim não dá para avaliar se os comentários do mulherio condizem com sua verdade mais verdadeira. São evasivos em sua maioria.
Parece que a procura da mulher pela sua liberação sexual total e irrestrita nunca vai ter fim. Entretanto, há um paradoxo em toda essa história de liberação e o os tons cinza e escuros da autora. Ao longo do tempo a mulher vem conseguindo se libertar de toda a opressão dos maridos, companheiros fisicamente mais fortes que impunham, decidiam, eram absolutos e mesmo agressivos. Ainda há desses e muitos. De um tempo em que elas deviam obedecer a seu provedor, hoje elas dão verdadeiras lições de como prover um lar e mostram que não precisam de homem nenhum para viver, até mesmo para sexo. Ora, esse não era o objetivo? Livrar-se da dominação, do jugo do macho? Daquele brutamontes barbudo da caverna que trazia a mulher puxada pelos cabelos? Como então agora as mulheres se encantam pela agressividade sádica do protagonista Christian Grey? Seria um saudosismo atávico dos tempos da caverna? Ou apenas um desejo de incrementar a monótona vida sexual, algo assim como uma boa pimenta na comida?
Certo, eu sei que o Christian Grey não é um barbudo das cavernas, isso eu sei. Ao contrário, ele é bonito, bilionário, culto, charmoso, e segundo algumas mulheres entrevistadas, ele é um “príncipe encantado das trevas”, um homem “misterioso e sedutor”, e ainda por cima usa um chicote na cama!!! Essa estranha e grotesca combinação tem se mostrado perfeita e irresistível para as mulheres que confessam querer muito entender o cara.
Erika Leonard James garante que as cenas eróticas apenas ajudaram no sucesso da trilogia, que o forte, que o que pegou mesmo foi o romance e a história de amor. De forma inversa, algumas leitoras acharam o romance frívolo e fraco, mas as cenas eróticas, ótimas, impactantes. Os homens, por sua vez, eu garanto que estão adorando o frenesi das mulheres, que parece, estão acordando como belas adormecidas, despertadas pela curiosidade e pelo desejo de tentar o diferente. Eu, bem, eu ainda não li os livros. Cômodo, não? Mas por enquanto fico com a Wanderléa, a cantora ternurinha de 66 anos, que achou o livro “meio careta”, e se lembrou de “obras mais excitantes e originais como as de Aluizio Azevedo e Jorge Amado” e para quem “a sensualidade das mães de sua geração era mais exuberante e colorida”, recusando o rótulo “pornô para mães”. Eu, bem, eu ainda prefiro os tons do arco-íris ao dos tons cinza e mais escuros. São bem mais alegres e bonitos.