Na semana passada, vi duas pessoas ‘tirando par ou ímpar’ na televisão e fiquei pensando: ‘Há quanto tempo eu não faço isso! Nem me lembro mais quando foi a última vez!’ E realmente ocorreu há tanto tempo que até hoje não consegui precisar; mas, embora isso não seja importante, outras conclusões advêm dessa lembrança.
Eu costumava disputar parceiros no ‘par ou ímpar’ quando jogava futebol, ou sentava à mesa para partidas de baralho, ou discutia a respeito de quem faria primeiro alguma tarefa chata etc. Muitas dessas atividades eram prazerosas e até deixaram saudades, mas nada disso continua fazendo parte da minha vida; portanto, acabaram-se as disputas e as dúvidas!
É bem verdade que, na minha idade, já não pratico alguns tipos de esporte, mas, independentemente disso, mudei meus hábitos porque tomei plena consciência da missão que Deus me deu na Terra. E repito: acabaram-se as disputas e as dúvidas; contudo, em muitos outros casos, eu gostaria de ver pessoas tomando decisões na sorte, como esta:
Um dia, minha mãe me contou que ao sair do Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Monte Sião, viu uma senhora apoiando-se numa bengala. Como já a conhecia e sabia do problema que tinha nas pernas, dirigiu-se a um outro conhecido que estava dando partida no carro e lhe pediu carona. Ele simplesmente disse: ‘não posso’.
Minha fervorosa mãe, achando que não fora clara na colocação, explicou que o favor era para a senhora que mal podia andar! Ele, indiferente, novamente respondeu que não iria levá-la porque tinha outras coisas a fazer naquele momento. Surpresa e indignada, ela agradeceu e conseguiu outro veículo.
Quando eu soube do fato, quase não acreditei, mas ainda perguntei: ‘O trajeto de carro era apenas de dois minutos, como estou imaginando?’ Sim, era só isso mesmo e, mesmo assim, foi negado! Que absurdo, não! Se pelo menos eles tirassem ‘par ou ímpar’, quem sabe aquele danado teria a chance de fazer uma caridade naquele dia!
Bem, sou obrigado a retirar o que escrevi, porque caridade se faz por amor e não por sorte. Também preciso completar algumas informações a você leitor, leitora: o dono daquele carro não vai à igreja e, embora tenha posses, não abre mão de nenhum centavo aos pobres. Sabendo disso, a indignação se torna um pouco menor, e só me resta desejar que Deus tenha piedade de sua alma e lhe conceda muito mais misericórdia do que talvez mereça.
Mas, há outros fatos que não envolvem riscos e nenhum tipo de sorte, pois Jesus sempre está presente nos corações repletos de fé. E um caso que nunca esquecerei ocorreu com a minha esposa há anos, quando estava em adoração ao Santíssimo no Santuário de Nossa Senhora da Agonia. Ela resolveu pedir três graças: ‘que eu concordasse em vender um imóvel; que o namorado da minha filha conseguisse um bom estágio; e que ela própria melhorasse da pressão alta que a incomodava há anos’.
Naquela mesma semana, sem eu saber dos pedidos, disse a ela que tinha mudado de opinião e gostaria de vender o referido imóvel; o rapaz conseguiu estágio; e a pressão alta sumiu! Eu até poderia afirmar que tudo isso acontece normalmente quando se pede com fé, mas há muita gente que não pensa assim, não é mesmo? Se a minha querida esposa fosse uma pessoa sem perseverança na religião católica, quem sabe ainda estaria tentando resolver esses problemas na sorte!
E o Supremo Tribunal de Edimburgo, na Escócia, que condenou à prisão perpétua um jovem que matou um amigo para torná-lo ‘imortal’! Depois que o rapaz apunhalou Thomas McKendrick – 21 anos – e o enterrou numa floresta, o assassino assegurou que o ‘amigo’ tinha se tornado um vampiro imortal. No julgamento, mesmo com Allan se declarando culpado, insistiu que não foi responsável pelos seus atos – alegação que felizmente não foi aceita pelo juiz.
Um caso assim, também não precisa de ‘par ou ímpar’ para ser julgado. Se Deus impôs como quinto mandamento: ‘não matarás’, se torna impossível concordar com qualquer tipo de assassinato: abortos, guerras, atentados, eutanásias, falta de remédios e alimentos para os pobres etc. Pessoas que morrem por estes motivos é que mereceriam melhor sorte!
E para encerrar o assunto, leia esta história:
Um viajante sentou debaixo da árvore-do-desejo e pensou: ‘Estou com muita fome’. Imediatamente apareceu comida flutuando no ar! Então, imaginou uma taça de vinho e uma garrafa também surgiu em sua mão. Voltou a pensar: ‘Vou comer logo porque daqui a pouco é capaz de chegar uma porção de gente invejosa e acabar com o meu barato’. De repente, avistou uma multidão vindo em sua direção e disse aterrorizado: ‘Irão me assassinar!’
Bem, o que aconteceu com ele nem é preciso dizer. Mas lembre-se da história apenas para ter consciência que, um dia, os nossos pensamentos irão nos colocar no Céu ou no Inferno – e isso não tem nada a ver com sorte! Mas se sua mente buscar os ensinamentos Divinos e os guardar no coração, o desejo de chegar ao Paraíso também irá se tornar realidade – sem precisar tirar par ou ímpar com alguém.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).