Foram identificados os fatores que mais caracterizam o perfil de desempenho dos adolescentes, o que serve como ferramenta de apoio para os especialistas
O Centro Paulista de Neuropsicologia, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), desenvolve estudos e tratamentos para adolescentes com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e acaba de publicar uma pesquisa que identificou os três fatores que mais caracterizam o perfil de desempenho dos adolescentes brasileiros com o distúrbio: prejuízo nas atenções focada e sustentada e na vigilância. A definição do perfil por meio de um novo modelo de padronização passa a ser uma ferramenta de apoio para o diagnóstico mais preciso e fidedigno. Com os resultados somados à avaliação clínica, o profissional pode buscar tratamentos que visem diminuir os sintomas da disfunção.
O TDAH é um transtorno neurobiológico que acomete mais de 5% das crianças e adolescentes do mundo, mas embora surja na infância, pode acompanhar o indivíduo na fase adulta. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. No entanto, é comum a associação com diversos acometimentos mentais e de desenvolvimento como o Transtorno de Aprendizagem, dificultando a diferenciação entre crianças que não apresentam a disfunção e são tratadas e outras com TDAH que não são diagnosticadas. Falta de informação sobre a disfunção e falhas de diagnóstico são os temas mais recorrentes a respeito do transtorno.
Segundo os pesquisadores, o tratamento com remédios como a Ritalina®, não é a única opção para o controle do TDAH. “É possível o uso de treinos mentais (cognitivos) para melhora de desempenho da atenção, como uma proposta de reabilitação e não como uma proposta de cura, pois o TDAH não é visto como uma doença para ser curada”, explica o pesquisador Thiago Strahler Rivero. Sendo assim, ao conhecer melhor as características do perfil dos adolescentes brasileiros, é possível estabelecer um tratamento mais direcionado e que promova as melhores respostas. “O treino de atenção é individual. A partir de nossos estudos, desenvolvemos materiais de apoio para o grupo clínico como jogos de treinamento ou manuais de terapia”, completa Mônica Miranda, coordenadora do núcleo de avaliação de neuropsicologia interdisciplinar do Centro Paulista de Neuropsicologia, parceiro da Unifesp no atendimento aos pacientes.
Fonte: UNIFESP