RIO (Reuters) – O nível de pobreza no Brasil caiu entre 1997 e 2007, mas continua em um patamar elevado, de acordo com levantamento feito pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgado nesta quarta-feira.
De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, elaborada com base na Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (Pnad), a queda na pobreza pode ser verificada pela redução na proporção de brasileiros que viviam em 2007 com rendimento familiar de até meio salário mínimo per capita.
Em 1997, 31,6 por cento das famílias viviam com até meio salário mínimo per capita ao mês, ao passo que em 2007 essa proporção caiu para 23,5 por cento.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, a redução da pobreza reflete a conjunção de vários fatores como o crescimento da economia, a maior formalização do emprego e os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
“Mas o número de famílias em condições de pobreza ainda é muito expressivo para a riqueza do país”, afirmou Nunes.
O levantamento do IBGE mostrou a existência de um número relevante de famílias no país chefiadas por idosos.
De 1997 até o ano passado subiu de 47,2 para 53 por cento o número de domicílios onde os idosos detêm mais da metade da renda total.
No Nordeste, esse percentual chegou a 63,5 por cento, ante 59,8 por cento em 1997. “O idoso tem um papel de destaque no Brasil. A renda dele tem conexão direta com o salário mínimo, que influencia os benefícios de aposentados”, afirmou Ana Lúcia Saboia, coordenadora da pesquisa.
O Brasil tinha no ano passado 19,9 milhões de idosos, o equivalente a 10,5 por cento da população nacional.
Segundo o IBGE, entre 1997 e 2007, a população brasileira cresceu 21,6 por cento sendo que no mesmo período o contigente de idosos aumentou 47,8 por cento.
A taxa de natalidade, que foi de 2,5 filhos por mulher em 1997, caiu para 1,9 filho no ano passado. A esperança de vida cresceu 3,4 anos ao longo da década pesquisada e atingiu 72,7 anos em 2007.
ANALFABETOS NA ESCOLA
Embora a escolarização tenha avançado ao longo destes dez anos, a qualidade do ensino pode ser questionada no Brasil.
A taxa de frequência escolar de jovens entre 7 a 14 anos estava em 97,6 por cento no ano passado, mas boa parte era analfabeta.
Dos 28,3 milhões de jovens nessa faixa etária, 2,1 milhões frequentavam uma escola, mas não sabiam ler e escrever. Desse total, 1,2 milhão de jovens viviam no Nordeste.
“A qualidade do ensino fundamental ainda deixa a desejar quando se vê que mais de 2 milhões não sabem ler e escrever… É algo muito significativo”, afirmou a coordenadora da pesquisa.
O Brasil tinha no ano passado 14,1 milhões de analfabetos sendo que 52 por cento estavam no Nordeste. Em 10 anos, o analfabetismo caiu 30 por cento no país, de acordo com o IBGE.
Apesar das políticas de acesso adotadas pelo governo, a pesquisa do IBGE revelou que a distância entre brancos e negros e pardos com formação superior aumentou ao longo destes dez anos.
Em 1997, 9,6 por cento de brancos tinham nível superior completo, patamar que foi elevado para 13,4 por cento no ano passado. Ao mesmo tempo, o percentual de negros e pardos com terceiro grau completou passou de 2,2 para 4 por cento.
“O hiato aumentou mostrando que após uma década a composição racial das pessoas que completaram o nível superior permanece inalterada ou até mais inadequada”, afirmou o IBGE.
Segundo o pesquisador José Luís Petrucelli, a política de cotas para negros nas universidades foi adotada por 60 entididades públicas do país, mas o aumento de universitários no Brasil se dá por meio das escolas privadas, onde o acesso de negros e pardos é menor e mais difícil.
De acordo com o levantamento, os brancos representam 25 por cento do estrato dos 10 por cento mais pobres do Brasil, ao passo que somam 86 por cento da parcela de 1 por cento mais rica do país. Por outro lado, os negros e pardos respondem por 74 por cento dos mais pobres e 12 por cento dos mais ricos.
(Edição de Renato Andrade)
Fonte: Reuters