Em Cora Coralina, não achei muito jeito de poetar, pois que ela teima em dizer para as mães não saírem por aí entregando seus filhos à creche, mas que o acalente em pequeno porque “ele, pequenino, precisa de ti”, e creche nunca será um lar. É verdade, porém mais verdade ainda é que as mães de hoje têm que trabalhar, ainda que sangrem o coração quando estão do filho a lembrar.
Carlos Drummond de Andrade se pergunta “por que Deus permite que as mães vão-se embora”. Eu também acho que mãe não devia morrer nunca, ainda mais a minha, ora …
Já Vinicius de Moraes pede à mãe para “ninar seu sono cheio de inquietude batendo de levinho no seu braço”. Divino! Filho pra mãe é sempre um menino!
Em Manuel Bandeira, meu poeta preferido, achei dolorido porque ele fala da mãe que morreu, de seus últimos momentos, “daquela noite funeral”. Não, não quero me lembrar de nada igual.
Mas … poetar é estressar … (para mim, é claro!)
Chega! Vinícius, Drummond, Bandeira, que canseira!
Cora Coralina, Antero de Quental – branco geral!
Eles são os mestres, mas … não quero falar de dor!
Só de amor!
Não tenho saída! Poetar é dura lida!
No entanto, reluto, reflito, relaxo –
Meu poema tem que ser do coração.
Vou compor uma elegia ou uma ode de alegria ou de dor
Mas tem que ter ironia, amor e …
Muito senso de humor!
Brincadeira de poema à parte, quero homenagear todas as mães, as que já se foram, as mães que estão longe de seus filhos, as mães idosas e jovens, as que lutam pela cura de um filho doente, de forma especial cito aqui as mães de filhos autistas: Roberta Souza, Sueli Costa Lopes e Cláudia Renata pela sua coragem ao tentar formar uma ONG para ajudar as famílias que não têm recursos para um tratamento fora de Itajubá.
E por fim, quero homenagear minha mãe, lembrando-me de seu jeito alegre, como quando tentava conter o riso e se engasgava com ele. Quero me lembrar do sabor de sua comida, do aroma do café que ela sabia coar cheiroso, de sua voz afinada e bonita quando cantava, de como voltava das reuniões da igreja cheia do Espírito Santo, de como costumava dizer que “nada como a paz”, e do seu amor a Deus, do seu imenso e eterno amor a Deus!
Viva as mães!