“Dentro de mim, lá no fundo, há reservas colossais de tempo…”(Drummond)
E assim, nosso poeta mineiro exprime o tempo vivido, o tempo que ultrapassa os anos e que se insere nas experiências de vida, nas dores sentidas, nas alegrias lembradas. São essas reservas de tempo, colossais, que permitem ao idoso/a guardar e carregar um pouco a história de todos nós. Sem o tempo guardado, não teríamos como reinventar a cidade, como reconhecer os lugares, como recuperar o vivido.
Por isso, nós, cidadãos, precisamos cuidar para que estas reservas de tempo sejam preservadas e cumpram sua missão de nos lembrar do que somos e do que fizemos. Para nos atualizar a identidade, para fazer valer a História. Cuidar de todos é um imperativo para que possamos mesmo fazer da cidade um lugar de morada, de abrigo, de aconchego.
Uma cidade cuidadosa significa ocupar ruas e esquinas com olhares mais atentos, com atitudes mais gentis respeitando os ritmos e os passos de pessoas diversas. Ou seja, que cada um de nós, co-autores desta cidade, nos coloquemos como guardiões do bem-estar de todos. Que, ao andarmos pelas ruas, olhemos com atenção e cuidado, principalmente aqueles que precisam de proteção e segurança, auxiliando travessias, abrindo espaço para passagens, alertando para os prováveis perigos que possam surgir.
Cuidar das reservas colossais de tempo que nossos/as idosos/as carregam é como cuidar do que seremos. Por isso, que Itajubá se converta em cidade cuidadosa! Mesmo com sua problemática aparentemente sem solução(passeios, trânsito, falta de policiamento), podemos, nós, cidadãos, reafirmar o nosso jeito mineiro de ser. Um jeito de fazer da cidade uma cidade para todos. Homens e mulheres, crianças e idosos que, imbuídos de uma ética do cuidado, façam, de Itajubá, um espaço em que a solidariedade seja a sua principal paisagem. Olhando uns pelos outros, pelas reservas colossais de tempo e por uma cidade cuidadosa!