Olá pessoal! Esperamos que todos estejam bem.
Por incrível que pareça, o assunto principal do nosso Painel de Educação Financeira de hoje será sobre… JUROS. Você deve estar pensando: “Nossa os professores do DENARIUS não possuem outro assunto? Todo mês eles repetem esse assunto.” Na verdade, temos muitos assuntos a serem tratados sim. Mas, a taxa de juros tem um papel tão importante na nossa vida que não podemos perder ele de vista. E, quanto mais falarmos sobre o tema, maior será a possibilidade de vocês terem a sua própria opinião sobre o tema e tomarem decisões mais acertadas.
Outro ponto que justifica tratarmos sobre o tema é que, há menos de um mês, estivemos aqui falando da possibilidade do Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Mas o que ocorreu foi exatamente o contrário. Mas por que isso ocorreu? Vamos aos fatos…
Na última reunião do Copom, foi decidido aumentar a taxa SELIC para 10,75% ao ano. Para muita gente, essa decisão pode parecer estranha, já que muitos países ao redor do mundo estão fazendo o contrário e diminuindo suas taxas de juros. Segundo notas explicativas do próprio Copom, o principal motivo é o controle da inflação. A inflação é o aumento dos preços de produtos e serviços, como alimentos, gasolina e aluguel. Quando a inflação está alta, o nosso dinheiro perde valor, ou seja, compramos menos com a mesma quantidade de dinheiro. Para combater isso, o Banco Central usa a SELIC, que é uma ferramenta importante. Quando a SELIC sobe, fica mais caro pegar empréstimos e fazer compras a prazo. Isso faz com que o consumo diminua, ajudando a frear a alta dos preços.
Aí você deve estar se perguntando: Como controlar a inflação, se a última Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país, registrou deflação (queda de preços) de 0,02% em agosto deste ano? Essa foi a primeira vez que o indicador teve deflação desde junho de 2023 (-0,08%). E você está correto em fazer esse questionamento. Mas o Copom está de olho não apenas na inflação atual, mas principalmente, na expectativa futura de aumento dos preços.
Por isso, outro ponto que levou o COPOM a aumentar a taxa de juros é que a economia brasileira está mais aquecida. Isso quer dizer que mais pessoas estão comprando e as empresas estão produzindo mais. Embora isso seja bom, também pode fazer os preços subirem ainda mais. Pois, como se pode notar, não há movimentos significativos de investimentos produtivos no Brasil. Assim, quando a produção atingir a capacidade máxima produtiva, as empresas tendem a aumentar o preço, frente a alta demanda. Pois realizar investimentos no Brasil ainda é atividade com retorno muito incerto. Portanto, o aumento da SELIC vem justamente para impedir que a inflação saia do controle, garantindo que o crescimento econômico não prejudique o bolso dos consumidores.
Por outro lado, enquanto muitos países estão cortando os juros para estimular suas economias, o Brasil está em uma situação diferente. Aqui, a inflação tem uma forte associação às nossas restrições produtivas e ao chamado custo Brasil que, associado ao atual ritmo de crescimento, pode gerar pressão nos preços. Por isso, pensando no médio/longo prazo, é necessário tomar medidas para tentar segurá-los. Motivo pelo qual o Copom adotou uma postura mais rígida, aumentando os juros para garantir a estabilidade econômica e proteger o poder de compra da população.
Em resumo, o aumento da SELIC é uma tentativa de equilibrar o crescimento econômico com o controle da inflação, para que o nosso dinheiro continue tendo valor e a economia siga estável. Esse é um assunto complexo e muito importante. Por isso, com certeza, vamos falar mais sobre ele em outros painéis.
Esperamos que tenha gostado. Até o nosso próximo encontro!
AUTORES: Prof. Dr. André Luiz Medeiros e Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo