Sempre que o assunto ‘promessa’ começa a ser discutido numa roda de amigos, eu conto a história de um colega de infância, em São Paulo, que um dia chegou louco de raiva na minha casa, dizendo:
– Trabalhei o mês inteiro, recebi hoje o ordenado e vou ficar sem um tostão! Minha avó fez uma promessa e exige que todo neto, no seu primeiro emprego, entregue um mês de salário a ela. Vê se pode! Isso não é justo!
Eu morri de rir, mas também fiquei com dó dele porque, naquela época, 1970, nós curtíamos muito comprar bolinhas de gude, peões, pipas, figurinhas e jogos de botões. Infelizmente para ele, teve que esperar mais um mês para gastar o suado dinheirinho. Coitado!
Um outro caso curioso que me contaram diz respeito a uma senhora que alcançou uma graça de Nossa Senhora Aparecida e prometeu coroá-la numa missa em Aparecida do Norte. Isso já faz muito tempo e até hoje ela não conseguiu pagar a promessa porque nem sabe a quem recorrer para ajudá-la. E agora, o que fazer? Ela insiste que quer cumprir a sua palavra!
Bem, como estes casos, há dezenas de outros muito engraçados e até trágicos que, embora possam ter se fundamentado em boas intenções, não contribuem em nada para a nossa salvação e não passam de simples promessas, nada mais. Isso agrada a nosso Senhor?
Eu, por exemplo, fiz poucas promessas a Deus, mas sempre as cumpri porque tive o bom senso de não exagerar na retribuição da graça recebida; aliás, algumas promessas foram feitas sem pedir nada em troca, apenas prometi melhorar de vida por ter herdado tantos dons abençoados.
Acredito que o que mais agrada a Jesus é a nossa reta intenção em praticar o bem ao próximo e fugir constantemente do pecado, como nesta história:
Toda vez que o circo chegava na cidade, Heitor prometia ao filho que, no sábado, iriam assistir ao espetáculo; porém, como sempre acontecia nos finais de semana, os amigos carregavam o pai do menino para a farra. E de circo em circo, o tempo foi passando e o garoto cresceu.
Um dia, chegando de madrugada em casa, Heitor percebeu que o filho não estava dormindo e saiu para procurá-lo. Ficou assustado quando o encontrou alcoolizado no bar da esquina e, no dia seguinte, conversaram:
– Filho, se você não fizer mais isso, prometo levá-lo a todas as sessões de circos que chegarem na cidade.
– Pai, eu não gosto mais de circo!
– Mas, como pode dizer isso se nunca foi a algum?
– Pois é, quando eu tinha vontade, o senhor não me levou; agora, não quero mais.
– Não diga isso a mim. Estou lhe pedindo perdão e quero ser o seu melhor amigo!
– Então, pai, porque não paga ingressos aos meninos de rua que ficam na porta do circo com vontade de entrar?
– Que excelente ideia! Ajude-me a sempre realizar essa boa ação; topa?
– Preciso que também me prometa chegar cedo em casa e ir passear com a mamãe de vez em quando.
– Certo, eu prometo! E você promete nunca mais beber, filho?
– Eu quero muito fugir do pecado, pai. Ajude-me!
Assim, a família se uniu na oração e começou a distribuir ingressos de circo aos pobres.
Conseguiam dinheiro com amigos e não deixavam nenhuma criança do lado de fora do espetáculo.
Certa tarde, um menino que ganhou um ingresso disse ao Heitor:
– Moço, vi o senhor brigando no bar do seu Zé. Naquela noite, eu prometi a Nossa Senhora sempre rezar uma Ave-Maria até o senhor não ter mais vontade de brigar.
Heitor, envergonhado de ver o filho escutando aquilo, respondeu emocionado:
– Continue rezando por mim, garoto, mas saiba que desde aquela vez, eu nunca mais briguei.
Com mais este caso, quero concluir afirmando que não devemos fazer promessas quase impossíveis de cumprir, ou envolvendo pessoas que não receberam a referida graça ou, ainda, prometer só da boca para fora.
Quando se trata de dar a palavra a alguém que confia no nosso serviço, precisamos nos esforçar para honrar o compromisso, caso contrário, cada vez mais seremos vistos como irresponsáveis e isso não é bom para a imagem de alguém. Praticamente todos os dias eu prometo algo a terceiros e não me lembro de ter deixado de cumprir no prazo. Para evitar esquecimentos, uso uma agenda com tudo anotadinho.
Mas, quando se trata de promessas a Deus, o compromisso é muito mais sério! Eu também sempre cumpro porque Jesus nunca deixou de realizar o que me prometeu.
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).