E completou: “De que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? Imaginai que um irmão ou uma irmã não tem o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; se então alguém de vós lhes disser: ‘Ide em paz, aquecei-vos’, e ‘Comei à vontade’, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso?”.
A caridade só pode ser praticada com amor no coração. Melhor ainda seria se grupos se unissem para ajudar o próximo, como acontece em Pastorais e Movimentos da nossa Igreja, mas, infelizmente, nem todos pensam assim. Uns dizem que lhes falta tempo, outros, que lhes falta fé, e o tempo vai passando.
O ser humano é tão complicado que, mesmo envolvido no mesmo ideal de um grupo, consegue desmotivar alguns bons parceiros. Se ao menos procurasse se orientar por ensinamentos bíblicos, saberia o que fazer. Veja, por exemplo, o que o grande santo Tiago ensina:
“Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz.”
Eu costumo dizer que devemos aproveitar os chamados que vêm do Céu para servirmos a Deus, mas nem sempre abrimos o coração e nos colocamos à disposição do Senhor. Porém, como Ele nos ama infinitamente, surgem novas oportunidades, como nesta linda história:
Um empresário muito rico estava viajando a negócios e, quando foi pagar a conta do hotel, não quiseram liberá-lo porque deram falta do controle remoto da televisão do quarto. Ele ficou furioso e começou a revirar toda a mobília tentando encontrar o objeto.
Somente ao retirar o colchão da cama, localizou o que procurava e, para não passar em branco a humilhação que julgou ter passado, insistiu com o gerente na demissão da camareira que vistoriou o apartamento. Ela implorou que não apresentasse a queixa porque tinha filhos pequenos e não poderia ficar sem aquele emprego, mas ele não a perdoou.
Ao sair apressado para o aeroporto, esbarrou na barraca de uma senhora que vendia frutas e espalhou toda a mercadoria pelo chão. As maçãs começaram a rolar ladeira abaixo e, mais uma vez, ele se enfureceu:
– Que absurdo! Aqui não é lugar de vender isto!
Em seguida, percebeu que a pobre senhora, mesmo agachada, não conseguia localizar suas frutas porque era cega. Naquele momento, Deus tocou o duro coração daquele homem e o fez amolecer. O sentimento de compaixão apoderou-se dele e, imediatamente, colocou sua bagagem no chão para ajudar a recolher a mercadoria que derrubou.
Após pagar pelas maçãs perdidas e estragadas, desculpou-se e se dirigiu ao aeroporto. O trânsito o fez atrasar ainda mais e acabou perdendo o embarque.
Andando pelas lojas do lugar até resolver o que faria, viu um menino apertando uma boneca contra o peito. Aquilo lhe chamou a atenção e ficou olhando até ouvi-lo conversar com uma mulher idosa:
– Vó, não posso mesmo levar esta boneca?
– Não, querido. Coloque-a de volta na prateleira porque já estamos indo embora.
O empresário, então, se aproximou e disse baixinho ao menino:
– Por que quer comprar a boneca?
– Quero que a minha mãe a leve à minha irmã que está no Céu.
– Mas, como ela irá fazer isso?
– Papai disse que a minha mãe vai se encontrar com ela. Eu também queria dar uma rosa branca pra mamãe, mas não tenho dinheiro!
– E onde está sua mãe agora?
– No hospital. Eu estou indo lá com a vovó dar adeus a ela.
Mais uma vez, aquele senhor bem vestido sentiu profunda compaixão e comprou os presentes que o jovenzinho queria. Depois, voltou para o mesmo hotel que havia se hospedado, onde aguardaria o voo do dia seguinte. Com as provações que passou, ele já se sentia outro homem.
A primeira coisa que fez foi retirar a queixa contra a funcionária. Depois, entrou no apartamento e chorou copiosamente. Ligou à esposa e justificou seu atraso. Também pediu desculpas pela vida vazia que levavam e prometeu fazê-la feliz. Conversou ainda longamente com cada um dos filhos e reconheceu ter sido um pai muito ausente em casa.
Quando amanheceu, de malas prontas para partir, encontrou a mesma camareira no corredor e ouviu dela:
– Deus lhe pague por ter voltado atrás na queixa que fizera a mim. Vou rezar pela sua família e a Virgem de Nazaré irá sempre abençoá-la.
Já no avião, ele abriu o jornal do dia e viu a foto do velório de uma mulher que havia levado um tiro durante um assalto. Ao lado dela, no caixão, estavam uma boneca e uma rosa branca.