Comentei na ultima crônica que neste momento de tensão e afastamento social os canais de televisão estão se reinventando para conseguir montar seus programas mantendo os comentaristas fazendo os programas em casa, e também surgiu uma opção de entretenimento que são os vídeos tapes (reprises) de jogos históricos do passado. Hoje quero tecer alguns comentários sobre uma série que tive o grande prazer de assisti-los novamente que foi da seleção brasileira da Copa do mundo de 1982. Já se passaram 38 anos e eu tinha apenas 21 anos de idade e por não ter a visão de futebol que tenho hoje, naquela época não percebi tanta riqueza como pude observá-la como agora. O saudoso técnico Telê Santana que construiu uma reputação no futebol pela sua maneira de treinar e esquematizar seus times, sempre com esquemas táticos ofensivos e de jogar um futebol vistoso. Algo que a torcida brasileira deixou de assistir e agora com essa nova fase do Flamengo, está tendo novamente a oportunidade de ver a raiz do verdadeiro futebol brasileiro que infelizmente uma geração de técnicos fizeram o desserviço de extinguir. Aproveitando que citei o Flamengo, não posso deixar de passar aos meus leitores a principal observação que colhi: a similaridade entre a seleção de 82 e o atual time do Flamengo. A seleção tinha dois zagueiros altamente técnicos que eram Luizinho e Oscar, dois laterais que além da habilidade, faziam movimentações pelo meio de campo, chegando com exaustão na frente, auxiliando o meio de campo a construir e fazer a transição para o ataque. Na frente no lado esquerdo ajudando a fechar, mas saindo com muita velocidade que era Eder Aleixo com facilidade de dribles e com um chute altamente mortal. Do outro lado (o direito), não tinha ninguém fixo, pois era o escape de um meio de campo que tinha jogadores altamente habilidosos que caiam frequentemente por ali, dificultando a marcação do adversário. Por ali revezavam Sócrates, Zico, Falcão e às vezes Toninho Cerezo com Leandro Chegando muito também, mas sempre com muita intensidade e forte pressão na saída de bola do adversário. É mole ou quer mais?
Alguma semelhança com o esquema de um Português que chegou criticado e incomodando os técnicos brasileiros por colocar o seu time com um esquema bastante semelhante, onde dois zagueiros habilidosos Rodrigo Caio e Pablo Mari, dois laterais habilidosos que infiltram pelo meio para ajudar na transição que é Rafinha na direita e Felipe Luiz na esquerda, com um atacante aberto na esquerda com alta velocidade e facilidade nos dribles como Bruno Henrique, na direita sem jogador fixo, mas com um meio de campo altamente habilidoso utilizando este lado como escape em que cada hora é preenchido por alguém como Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gerson, Willian Arão com Gabigol flutuando em todo espaço da frente, tudo isso com muita intensidade e forte pressão na saída do adversário. Hoje entendo quando o técnico Jorge Jesus ao dar uma entrevista coletiva já aborrecido com alguns mimimi de técnicos brasileiros, dizendo que não veio tirar o emprego de ninguém e respeita muito o futebol brasileiro que aqui aprendeu muito com os técnicos do passado, chego à conclusão que qualquer semelhança não é mera coincidência.
Pelo menos essa é a minha opinião!